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Por Jornal Nacional


Instituições de ensino superior oferecem aulas de matemática e português.

Instituições de ensino superior oferecem aulas de matemática e português.

A grande maioria dos estudantes brasileiros conclui o Ensino Médio com falhas importantes de conhecimento de português e de matemática. E isso tem obrigado muitas instituições de ensino superior a buscar meios de compensar essa deficiência.

As leituras inspiram Vanessa da Silva Miranda, uma estudante de pedagogia, a superar os obstáculos todos os dias. Ela enfrentou vários para conseguir terminar o Ensino Médio na rede pública.

“Os professores faltavam muito, por conta do bairro ser perigoso. Além da defasagem do ensino que vem desde o primeiro ano”, disse.

As dificuldades de aprendizado são mais visíveis na rede pública, mas elas também aparecem em escolas particulares; a crise no Ensino Médio é nacional.

A maioria dos jovens que se formam no Ensino Médio tem dificuldades grandes em português e em matemática. O nível de aprendizado é baixo e os avanços para acelerar esse cenário são lentos, segundo o movimento Todos pela Educação. De cada dez alunos que se formam, sete têm defasagens em português (70,9%). No caso da matemática, a situação é ainda pior: mais de 90% (90,9%) saem do Ensino Médio sem o aprendizado adequado.

“Para a gente realmente enfrentar todas as outras crises que o Brasil vive, de violência, de crescimento, na economia, seja em qual área, a gente vai precisar colocar de uma vez por todas a educação como a grande prioridade nacional”, afirmou Priscila Cruz, presidente executiva do Todos pela Educação.

Os alunos de uma faculdade de pedagogia em São Paulo vêm da rede pública. O curso é gratuito e exige dedicação. Para compensar a defasagem, o currículo inclui língua portuguesa e matemática em três dos quatro anos do curso.

“A gente sabe que precisa de uma reestruturação do sistema. Tem esse problema de resolver a questão da formação inicial. Isso é urgente”, destacou Rose Schettini, fundadora e diretora da Feduc (Faculdade Educadora).

A estudante de pedagogia Ângela Milene Pereira vai se formar em 2019.

“Com essas matérias a mais que nós tivemos, supriu a nossa defasagem”, disse.

Uma outra universidade particular também incluiu português e matemática no primeiro semestre de todos os cursos e tem aulas on-line para ajudar.

“É nivelamento mesmo, é a busca de resgatar, revisar todo conteúdo que ele deveria ter trazido do Ensino Médio, mas que, entretanto, ele não dispõe”, explicou Cristiane Alperstedt, diretora de Qualidade Acadêmica.

“Muitos dos que não procuraram esse curso ficaram para trás, porque não conseguiram acompanhar o rendimento da sala. Então, realmente faz uma grande diferença”, lembrou Humberto Guerra Jr., estudante de engenharia mecânica.

Vanessa da Silva Miranda vai se formar em pedagogia aos 36 anos. Ela retomou o gosto pela matemática e pelo português, e pretende levar isso para os futuros alunos.

“Para mim, a mudança vem da educação. Hoje, eu me sinto como um sujeito político, eu me sinto realmente inserida na sociedade”, disse.

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