Brasil

‘Estudantes precisam ser chamados ao debate’, diz assessora da OCDE

Elizabeth Fordham elogia reforma do ensino médio, mas ressalta a importância da participação dos alunos
Elizabeth: ‘Brasil é inspiração’ Foto: Edilson Dantas
Elizabeth: ‘Brasil é inspiração’ Foto: Edilson Dantas

SÃO PAULO — Responsável por revisões das políticas educacionais de Indonésia, Tailândia, Costa Rica e Marrocos, Elizabeth Fordham participou ontem do “Seminário Internacional Desafios Curriculares do Ensino Médio: flexibilização e implementação”, promovido pelo Instituto Unibanco. Assessora da Diretoria para Educação da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ela vê com bons olhos a reforma do ensino médio no Brasil.

A reforma do ensino médio no Brasil vem sendo criticada. Há o receio de algumas disciplinas não serem mais obrigatórias. Como você enxerga isso?

Se você olhar objetivamente, a proposta atende os requisitos para uma boa educação. Sua direção está correta e é necessária. É preciso oferecer escolhas, dar uma educação atrativa.

Ela não foi aprovada por muitos estudantes que ocuparam escolas como forma de protestos.

Os estudantes precisam ser chamados ao debate, para que saibam o que está sendo proposto. O texto apresentado é bom para eles desenvolverem suas habilidades e se tornarem mais competitivos.

Que exemplos de outros países poderíamos adotar?

A reforma é um tema amplo e complexo para que a comparação seja feita entre culturas e regiões diferentes. Na Irlanda, na Noruega e em Portugal, por exemplo, eles têm a política de manter os alunos por mais tempo na escola, para explorar suas habilidades.

Em qual momento o aluno está pronto para decidir o que estudar?

Há pesquisas que apontam impacto maior quando isso é feito depois da escola primária. Atrasar o tempo de seleção tem um impacto positivo, mas isso também depende da ocasião. Tudo tem que ser feito de forma acessível a todos.

Podemos servir de inspiração para outros países?

Vários países veem no Brasil uma inspiração, principalmente em programas onde há esforços para dar mais oportunidades e promover igualdade, em particular o Bolsa Família. Levar a educação a todos é uma inspiração.