Por G1 Campinas e Região


Estudantes protestam contra reformas do ensino no Centro de Campinas nesta segunda-feira

Estudantes protestam contra reformas do ensino no Centro de Campinas nesta segunda-feira

Estudantes de oito escolas estaduais de Campinas (SP) e uma de Sumaré (SP) protestaram na região central de Campinas, na manhã desta segunda-feira (27). A manifestação foi contra as reformas do ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Entre os pontos questionados pelos alunos está o fato de língua portuguesa e matemática serem disciplinas obrigatórias. Outra questão seria sobre a possibilidade de 40% da carga horária do ensino médio ocorrer à distância, possibilitando a demissão de professores, segundo os manifestantes.

Alunos secundaristas protestam no Centro de Campinas nesta segunda-feira (27) — Foto: Patrícia Teixeira/G1

Outro questionamento é sobre alunos escolherem um curso/modalidade por escola entre quatro opções, dificultando a vida dos alunos de unidades periféricas, que não teriam condições de apresentar as quatro disciplinas.

Os alunos alegam ainda que as escolas particulares teriam mais condições de ter as quatro modalidades, causando desigualdade entre o ensino público e o privado.

O ato

Os alunos saíram do Largo do Rosário, passaram pela Rua Francisco Glicério e entraram na pista interna da Moraes Sales. Em seguida, os manifestantes chegaram à Prefeitura, onde permaneceram na escadaria de acesso pela Avenida Anchieta.

O trânsito

A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) começou a acompanhar os estudantes por volta das 9h30, mas encerrou o monitoramento às 10h03, quando eles chegaram ao paço municipal . Segundo a Emdec, não houve registro de lentidão no trânsito. O protesto acabou às 10h30, segundo os alunos.

O que dizem os órgãos de educação

O Centro Paula Souza, que administra as Etecs, informou que as aulas não foram suspensas nas unidades de Campinas, mas um grupo de alunos não compareceu na unidade Conselheiro Antônio Prado.

De acordo com a Secretarial Estadual da Educação, em nenhuma escola foi suspensa a aula em função da manifestação. Ainda segundo a secretaria, a proposta de mudança na Base Curricular do ensino médio é de responsabilidade do Ministério da Educação, mas um diálogo será mantido com os estudantes e nada será implementado sem discussão prévia.

O Ministério da Educação se pronunciou por meio de nota. Confira abaixo:

"O Novo Ensino Médio quer superar um modelo desatualizado que não funciona no Brasil. Uma parcela expressiva dos alunos que conclui o Ensino Fundamental não segue para o Ensino Médio. Para os que chegam, as taxas de evasão e repetência são elevadas. O jovem não vê sentido no atual modelo e a cada 100 jovens que ingressam nessa etapa de ensino, apenas 50 concluem em 3 anos.

O novo Ensino Médio, conforme disposto na Lei 13.415/2017, propõe a oferta de educação de qualidade aos jovens brasileiros, ampliando a carga horária para 1.000 horas anuais até o ano de 2022 e, progressivamente, para 1.400 horas anuais. Além disso possibilita a oferta de um currículo flexível, que contemple a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e diferentes itinerários formativos, com foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional. Com isso, o novo Ensino Médio pretende atender às necessidades e expectativas dos jovens, fortalecendo o protagonismo juvenil, na medida em que possibilita aos estudantes escolher o itinerário formativo no qual desejam aprofundar seus conhecimentos.

Não é verdade que o Novo Ensino Médio torna obrigatórias apenas Português e Matemática e que outras disciplinas como filosofia, sociologia, educação física e artes não serão mais ensinadas nas escolas. O que a lei prevê é que Português e Matemática devem estar presentes nos três anos de Ensino Médio, independentemente da área de aprofundamento que o estudante escolha, e que as demais estarão contempladas nas áreas de conhecimento.

A formação de docentes para atuar na educação básica continua a mesma prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O “notório saber” definido no novo ensino médio permite que os sistemas de ensino autorizem profissionais com notório saber para ministrar aulas exclusivamente em disciplinas dos cursos técnicos e profissionalizantes, como já ocorre em vários países no mundo.

A lei ainda precisa passar por regulamentação do Conselho Nacional de Educação que, para isso, está revisando as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Neste processo, muitas questões ainda serão definidas, por exemplo, como e qual será o tamanho destinado à educação a distância neste novo modelo de ensino.

Para apoiar a reforma há em curso uma política de apoio aos estados por parte do Governo Federal, para dar condições de estrutura e desenvolvimento às redes para que possam atender às inovações previstas.", diz o texto.

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