Por Ana Marin, g1 São Carlos e Araraquara


Estudantes protestam contra racismo em escola de Rio Claro — Foto: Arquivo Pessoal

Aos gritos de 'escola racista, queremos justiça', alunos protestaram no pátio da Escola Estadual Marciano de Toledo Piza, de Rio Claro (SP), na manhã desta sexta-feira (18), após uma aluna do 1º ano do ensino médio sofrer ofensas racistas de uma outra estudante.

Alunos protestam após caso de racismo em escola de Rio Claro

Alunos protestam após caso de racismo em escola de Rio Claro

Os alunos também reclamaram da postura da direção da escola sobre o caso. Durante a manifestação, os estudantes queimaram uma camiseta do uniforme escolar. As aulas foram suspensas nesta sexta.

Procurada, a Secretaria da Educação do Estado disse que repudia qualquer ato de racismo dentro ou fora do ambiente escolar, que estudantes foram ouvidos e foram realizadas atividades pedagógicas antirracistas. (Veja posicionamento completo abaixo.)

Caso de racismo

De acordo com a mãe de uma estudante ouvida pelo g1, na quarta-feira (16), uma aluna chamou uma aluna negra de "negrinha" e disse que ela deveria "voltar para a senzala".

Após o episódio, a aluna que teria cometido o ato racista comentou no Instagram que "fez uma menina negra chorar por racismo e que agora as negrinhas da sala estavam revoltadas".

Os prints da conversa viralizaram entre os estudantes e como a aluna que cometeu o ato racista não havia sido punida, eles organizaram o protesto.

Posição de vice-diretora

Estudantes queimaram uniforme da escola estadual de Rio Claro — Foto: Arquivo Pessoal

Durante o protesto os alunos divulgaram gravações feitas da conversa que a vice-diretora teve com os alunos na sala de aula, quando disse que não toleraria a interferência na apuração do caso. "Um assunto que nem é de vocês, que é conversinha, mimimi, briguinha de meninas, vocês vão se meter?", afirmou.

Ainda no áudio, a vice-diretora afirma que os alunos fizeram um jogo da discórdia e que não devem apontar os colegas . "Se me chamar de gorda e eu não gostar é preconceito, se falar que o meu cabelo é comprido e eu não gostar, também é, então não interessa o cabelo dele, se ela vem de rabo de cavalo, ninguém tem nada com isso", afirmou.

Em outros áudios divulgados, ela conversa com os alunos, pede desculpas por ter usado a expressão 'mimimi' e se compromete a pedir desculpas para a aluna pela forma como a chamou na sala de aula para conversar. Ela também alegou que, inicialmente, foi informada, que havia uma menina chorando por conta de um relacionamento e não sabia sobre o caso de racismo.

Em nota, a Secretaria de Educação informou que será "aberta apuração preliminar para verificar a conduta vice-diretora, para conclusão assertiva do caso".

O que diz a Secretaria de Educação

Escola Estadual Marciano de Toledo Piza, em Rio Claro (SP) — Foto: Reprodução/Facebook

Procurada, a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) informou que repudia qualquer ato de racismo dentro ou fora do ambiente escolar e que, assim que soube do episódio, a direção ouviu os estudantes envolvidos.

Informou também que os responsáveis foram comunicados e convocados a comparecer à escola para conversas individuais de mediação e, após o ocorrido, a gestão e professores da unidade elaboraram estratégias de atividades pedagógicas antirracistas voltadas para todos os alunos, que tiveram início na quinta-feira (17).

A Seduc também disse que o caso foi inserido na plataforma Conviva SP, sistema utilizado para acompanhamento de registro de ocorrências escolares na rede estadual de ensino.

Por fim, a pasta declarou que a escola coloca à disposição dos estudantes a assistência do programa 'Psicólogos na Educação', se autorizado por seus responsáveis.

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