Descrição de chapéu Obituário José Passini (1926 - 2023)

Especialista em esperanto, ajudou a desenvolver a educação pública brasileira

O quase centenário José Passini ganhou o mundo, mas não deixou a cidade mineira de Juiz de Fora

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São Paulo

Cercado por centenas de livros —muitos sobre espiritismo— em seu escritório, o quase secular José Passini divagava sobre sua vida. Corria pela juventude, caminhava pelo período de graduando e tinha resfôlego em sua maturidade como destacado acadêmico. Falava pouco, mas não era necessário. Sua biografia gritava.

Passini foi um letrista respeitado e requisitado por todo o mundo. Sua especialidade era o esperanto, língua criada pelo polonês Lázaro Zamenhof por volta de 1887 com o objetivo de servir como dialeto oficial para comunicação internacional. Não deu. O papel foi assumido pelo inglês, mas a escola esperantista se expandiu resiliente.

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José Passini (1926-2023) ao lado de sua esposa, Norma - Arquivo pessoal

O estudioso nasceu em Nova Itapirema, no interior de São Paulo, em 1926. Nunca viu a cidade como um lar. Nos anos 1950, mudou-se para Juiz de Fora (MG), pela qual se apaixonou. Lá, na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), concluiu a licenciatura em letras em 1967. No início da década de 1970, já dava aulas no local.

Depois, passou pelo Rio de Janeiro. Tornou-se mestre em letras pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) em 1977 e doutor em linguística pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em 1986. Muito saudoso, Passini logo retornou a Juiz de Fora.

Ainda em 1986, assumiu a direção do então Instituto de Ciências Humanas e Letras da universidade que o formara. Quatro anos depois, foi alçado à reitoria da instituição, cargo sustentado até 1994. Na gestão, foi responsável pela criação dos cursos de fisioterapia, psicologia e arquitetura.

Mais destacada, no entanto, foi sua conduta. De voz grave, era um homem doce. Alto, se curvava aos desejos coletivos. "Passini sempre se destacou na comunidade, era uma pessoa muito humana", declara Rogério Ferreira, vice-diretor da faculdade de letras da UFJF.

Em reconhecimento à sua trajetória, o docente foi homenageado pela universidade com a Medalha Presidente Juscelino Kubitschek, a maior honraria da instituição, em 2010. Ele ainda recebeu a Medalha Mérito Comendador Henrique Guilherme Fernando Halfeld, conferida pela Prefeitura de Juiz de Fora.

José Passini morreu na madrugada do último dia 19 de maio, aos 97 anos, em sua querida Juiz de Fora. A causa da morte não foi divulgada. Ele deixa a esposa, Norma, filhos, netos e bisnetos.

"Sua jornada foi linda, vozão. Seu legado de amor, caridade, respeito, justiça e união permanecerá vivo. Como você sempre dizia ao se despedir: muita paz", diz seu neto e homônimo, José Passini.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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