Edição do dia 23/07/2017

23/07/2017 21h05 - Atualizado em 24/07/2017 15h07

Escolas e creches municipais do Rio ficam fechadas por 99 dias em 2017

Entre as 36 mais afetadas por tiroteios, escola que mais vezes não abriu está localizada na Cidade de Deus e esteve paralisada durante 15 dias.

Das 1.537 escolas e creches municipais no Rio de Janeiro, onde, neste ano, estudam 641.655 alunos, 381 escolas ficaram fechadas um ou mais dias durante o primeiro semestre de 2017 por causa de tiroteios ou consequências deles. Nessas instituições municipais de ensino foram prejudicados 129.165 alunos, que ficaram sem aulas por períodos que variam entre um e 15 dias. O número de alunos (129.165) equivale a 20,12% do total da rede municipal (641.655 alunos).

No ano passado, 157 dias dos 200 letivos tiveram escolas e creches fechadas (78,50%). No primeiro semestre deste ano, dos 107 dias letivos, 99 tiveram escolas e creches fechadas (92,52%). Das 388 escolas e creches municipais que tiveram as aulas paralisadas por causa de tiroteios, 36 escolas e creches ficaram fechadas nove dias ou mais.

MAPA MOSTRA ESCOLAS QUE MAIS FECHARAM POR CAUSA DE TIROTEIOS NO RIO

Pesquisa da Fundação Getulio Vargas revela que o desempenho de alunos que passam por nove ou mais episódios de violência é duas vezes menor do que o desempenho de alunos de instituições que tem menos de três episódios de violência.

Entre as 36 mais afetadas, a escola que mais vezes ficou fechada está localizada na Cidade de Deus e ficou paralisada durante 15 dias; uma creche ficou por 14 dias; cinco por 13 dias; quatro por 11 dias; oito por 10 dias e 12 por nove dias.

O maior número de episódios aconteceu no Complexo da Maré: 22,94%, em 42 escolas e creches municipais. Em seguida, Cidade de Deus, com 123 episódios em 21 escolas e creches; e depois no Complexo do Alemão, com 84 episódios em 21 escolas e creches. Veja mais acima, na reportagem do Fantástico.

Estudo exclusivo
O Fantástico teve acesso a um estudo exclusivo feito pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) – FGV/RJ, em parceria com o Fogo Cruzado, que cruza dados de escolas municipais, estaduais e creches com os tiroteios na cidade do Rio de Janeiro.
Confira algumas informações levantadas pelo estudo:

- Entre julho de 2016 e julho de 2017, a cidade do Rio de Janeiro registrou 3.829 tiroteios, uma média de 10,5 por dia;

- A maior parte dos tiroteios está na zona norte do Rio, principalmente nas regiões do Complexo do Alemão, Complexo da Maré e Penha. Nestas regiões, as escolas fecham com maior frequência que em outros locais da cidade;

- O bairro de Acari, onde a estudante Maria Eduarda, de 13 anos, foi morta dentro da escola, também apresenta altos índices de violência. Em média, há um tiroteio a cada cinco dias na região;

- A violência tem impacto direto na capacidade de aprendizado e de desenvolvimento de novas habilidades, comprometendo as possibilidade de vida destas crianças e jovens;

- Quanto mais novo o aluno, maiores são os efeitos perversos provocados pela violência, como a falta de concentração e a dificuldade em absorver informações;

- Remover as escolas destas áreas não é uma resposta adequada à situação porque as crianças e os adolescentes vivem nessas comunidades, então eles continuariam sofrendo os efeitos adversos da violência;

- Os alunos de comunidades expostas à violência são privados da experiência educacional e têm a qualidade do ensino afetada. Já os estudantes em locais sem conflito gozam, livremente, do acesso à educação;

- Para mitigar os efeitos adversos da exposição à violência, o poder público deveria: fazer capacitações para os professores de forma que eles possam atender às necessidades especiais de seus alunos e oferecer condições especiais de contratação para os profissionais que atuam nessas áreas, de forma a garantir estabilidade nas relações escolares, com o intuito de diminuir a rotatividade dos professores. Exemplo: adicionais salariais e atendimento psicológico aos profissionais.

Exposição à violência altera a formação do cérebro de crianças

 

 


 

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