Escola estadual de Paraisópolis servirá como espaço de isolamento para pacientes leves de Covid-19. Ainda serão colocados biombos entre as camas. — Foto: Divulgação/Governo do Estado
A duas escolas estaduais de Paraisópolis que servirão como espaço de isolamento para pessoas com sintomas leves da Covid-19 estão autorizadas a funcionar a partir desta quarta-feira (29), segundo a Secretaria Estadual de Educação. O objetivo é abrigar pessoas que tenham familiares do grupo de risco, para que não os contaminem. A iniciativa foi idealizada pela União de Moradores de Paraisópolis.
As escolas irão receber pacientes diagnosticados a partir do exame RT-PCR, segundo a Secretaria Estadual de Educação. De acordo com a pasta, o local seguirá a protocolos de higiene, "como uso de máscaras, talheres descartáveis para as refeições, além de organização do espaço que contribua com o distanciamento social entre os diferentes estágios da doença".
Em entrevista ao G1, o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, ressalta que o espaço não se trata de um equipamento de saúde.
“É como se fosse a extensão da casa das pessoas, porque a gente está falando de um lugar onde muitas vezes moram diversas pessoas num espaço muito pequeno, e não tem como fazer o isolamento”, disse Rossieli.
Juntas, as escolas Etelvina de Goés Marcucci e Maria Zilda Gamba Natel oferecerão cerca de 500 vagas. As camas foram montadas nas salas de aula e no ginásio, e terão um biombo de separação entre elas.
Segundo o secretário, foram realizadas reuniões com a Vigilância Sanitária, além de outras secretarias, para definir os protocolos de atendimento. “Por exemplo, uma preocupação é não colocar lá quem esteja com uma suspeita junto com alguém que está confirmado”.
Coronavírus: escolas são adaptadas para receber pessoas infectadas em Paraisópolis
Escola estadual de Paraisópolis servirá como espaço de isolamento para pacientes leves de Covid-19. Ainda serão colocados biombos entre as camas. — Foto: Divulgação/Governo do Estado
Os hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês auxiliaram o governo estadual na elaboração das regras para o local.
Como o espaço não terá atendimento e nem equipamentos médicos, caso algum infectado tenha o estado de saúde agravado, uma ambulância estará no local o tempo todo à disposição.
Os custos que envolvem a montagem e operação do espaço estão sendo pagos pela iniciativa privada, por empresas parceiras da Secretaria Estadual de Educação. O valor é de R$ 4 milhões, segundo a secretaria. O Governo do Estado, além de ceder o espaço das escolas, que estão ociosos pela quarentena, também apoia com as informações técnicas e os custos que já são do local, como contas de água e luz. Além de idealizar o projeto, a União de Moradores de Paraisópolis será uma das responsáveis pela operação da iniciativa.
“É uma iniciativa que eu acho louvável. Me atrevo a dizer que é o primeiro modelo do Brasil”, disse Rossieli.
Grafite feito em escola estadual que servirá de isolamento para pacientes leves em Paraisópolis — Foto: Divulgação/Anjo Tintas
Grafite feito em escola estadual que receberá pacientes para isolamento da Covid-19 em Paraisópolis — Foto: Divulgação/Anjo Tintas
Mutirão de grafite
No dia 16 de abril, cerca de 15 artistas coloriram o muro das escolas estaduais que receberão os pacientes. Um deles foi o artista plástico Renato Gave, de 35 anos.
“Eu entrei no colégio, foi a coisa mais triste que vi, você entrar numa quadra poliesportiva de futebol, e ter um monte de cama. Isso não combina com um colégio, é de arrepiar. Então, o intuito da minha arte foi trazer alegria para a hora que as crianças voltarem”, disse Renato.
Desenho feito por artista plástico em escola estadual de Paraisópolis. Da esquerda para a direita: Daniel Cavaretti, idealizador do G10 das Favelas, Renato Gave, artista plástico, e Andre Lozano, gestor responsável pelo alojamento. — Foto: Caio Caciporé/Arquivo pessoal
Renato desenhou uma menina abaixada, como se fosse soltar um passarinho, mas eram livros. “Para mostrar até onde o ensino, o estudo e a leitura podem te levar”, explicou o artista.
Outra obra, feita com a técnica de lambe-lambe, diz “quando tudo isso passar, a gente volta a se abraçar”.
Lambe-lambe feito em muro de escola que receberá os pacientes de Covid-19 para isolamento — Foto: Caio Caciporé/Arquivo pessoal