Rio Educação

Escolas da rede estadual do Rio retornarão com aulas 100% presenciais na próxima segunda-feira

A partir do dia 25, o conteúdo on-line será apenas para reforço. Secretaria tenta reverter evasão escolar durante a pandemia com busca ativa
Entrada do Colégio Estadual Visconde de Cairu, no Méier Foto: Hermes de Paula / Arquivo / Agência O Globo
Entrada do Colégio Estadual Visconde de Cairu, no Méier Foto: Hermes de Paula / Arquivo / Agência O Globo

RIO — A partir da próxima segunda-feira, dia 25, as escolas da rede estadual do Rio de Janeiro retornam às atividades 100% presenciais. Apenas o reforço escolar seguirá de forma remota, em que o aluno poderá fazer no contraturno. A retomada foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta quarta-feira.

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Desde o início do ano letivo, um dos desafios tem sido trazer de volta o estudante que não tem acompanhado as aulas de forma remota nem de maneira presencial, segundo o secretário estadual de Educação, Alexandre Valle. A tentativa de reverter esse quadro tem sido feita por meio de busca ativa aos alunos, desde março, através de diversas formas de contato, como ligações e até ida às casas deles. A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) estima que, hoje, 80 mil estão afastados da rede. O mesmo problema é enfrentado na rede municipal do Rio, que estima ter 25 mil alunos longe das aulas .

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As unidades deverão seguir os protocolos sanitários do estado e do município — por exemplo, o uso de máscara permanece obrigatório a todos —, a comunicação sobre ocorrência de casos de Covid-19 nesses ambientes e a retomada das merendas apenas nas escolas (e não mais o kit alimentação). Entre as mudanças, o distanciamento social perde espaço e chega ao fim.

— Toda essa decisão vem baseada junto com o protocolo da saúde, com a orientação nossa com a Secretaria de Saúde. Temos aproximadamente mais de 97% dos professores já vacinados com o ciclo completo: primeira e segunda dose e mais os 14 dias. Nós já temos a grande maioria dos nossos alunos vacinada. Então há um entendimento de que a gente precisa voltar. A escola é um espaço de convívio. Precisa ter essa relação do professor com o aluno. É muito importante para que a gente possa ter um aprendizado cada vez melhor. Nós temos a garantia e a certeza que nós estamos preparados para essa volta às aulas — disse o secretário.

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Os números da Covid-19 no estado e o avanço da vacinação da população fluminense fazem parte dos critérios de avaliação para a volta de todos às salas.

— Todos os diagnósticos científicos sempre colocaram que a escola é um ambiente seguro para o aluno — disse Valle. — Desde março, já viemos trabalhando de forma híbrida em função do bandeiramento. Nós trabalhávamos com percentuais em sala de aula. A partir de segunda-feira não há mais o bandeiramento, a merenda passa a ser oferecida nas escolas, não haverá mais a distribuição do kit.

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'Infrequência' na sala

No último mês, dos cerca de 730 mil matriculados na rede, 80 mil alunos estavam com infrequência, isto é, sem acompanhar as aulas de forma presencial ou remota. A Seeduc afirma não ser possível, ainda, falar em evasão escolar por conta do calendário ainda estar em curso. Nos 60 dias restantes do ano letivo — que deve ser encerrado em 21 de dezembro —, a pasta espera levar de volta ao ambiente escolar o máximo de alunos possíveis.

— O apelo que a gente vem fazendo é para que os pais, alunos, os nossos grêmios estudantis, os responsáveis pelos alunos e os próprios alunos, principalmente os que detêm a maior frequência, busquem os outros alunos. Aquele amigo, aquele colega que saiba que está faltando, não está presente, traga para dentro da escola porque é de suma importância para que tenhamos um resultado melhor na educação para que possamos fazer também uma avaliação desse momento que passamos na pandemia. Nada mais importante do que o aluno em sala de aula — salienta Valle.

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Segundo o secretário, a partir do retorno integral às salas, a Seeduc poderá fazer um diagnóstico mais completo sobre a real situação. Assim, pode haver mudanças no calendário, como aulas de recuperação em janeiro. A pasta ainda não definiu se haverá reprovação ou aprovação automática, como no ano passado.

— Nós precisamos fazer um recorte. A maior infrequência vem no aluno da segunda série do Ensino Médio, que ano passado estava no primeiro ano e houve a aprovação automática. Nós estamos focados neles, nessa busca para que a gente possa resgatar esse aluno. Algo em torno de 20% entre os que estão em infrequência.

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Também na próxima segunda-feira, o governador do Rio, Claudio Castro, vai anunciar um programa para intensificar a busca ativa.

— Essa presença em sala de aula é um grande ganho para o aluno. E aí a gente, efetivamente, vai conseguir diagnosticar qual é o tamanho disso tudo que aconteceu, por isso esse pedido para que eles voltem. Nós preparamos a escola como um lugar seguro, com toda a infraestrutura, com toda a capacitação, as escolas estão prontas, preparadas, organizadas, sanitizadas para poder receber os nossos alunos — destacou Valle.

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O retorno total dos alunos às escolas da rede municipal da capital começou nesta segunda-feira, dia 18. A decisão foi tomada com o Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 (CEEC) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) recomendou, no dia 5 deste mês, o retorno de 100% dos estudantes às unidades de ensino públicas e privadas. Desde então, os alunos da pré-escola (4 e 5 anos), do 1º e 2º do Ensino Fundamental I, e do 5º e 9º ano do Fundamental II retornaram com o uso obrigatório da máscara a partir dos 3 anos de idade, sem o distanciamento de 1 metro, como era exigido antes.

Também na próxima segunda-feira, dia 25, será a vez do 3º, 4º, 6º, 7º e 8º anos, além das creches e alunos do programa Educação para Jovens e Adultos (EJA) retornarem às salas de aula das escolas municipais do Rio .

Diferentemente do estado, apesar da recomendação, todas as escolas da rede pública da cidade deverão ter a opção do ensino híbrido para os alunos que ainda não se sentirem seguros para retornar às unidades.

Mais aulas de reforço

Desde o ano passado, com o início do ensino de forma totalmente remota, alunos da rede estadual relataram problemas enfrentados para acesso ao conteúdo digital e para obter equipamentos, como tablets e celulares, para acompanhar as aulas. Nesta quarta, Alexandre Valle afirmou que para o nivelamento dos estudantes haverá, entre outras ações, aulas em canais de televisão, novos conteúdos para aplicativos e até em rádios.

— Começamos esse mês ainda em canal de TV. Nós temos, aproximadamente, mais de 30 aulas gravadas, inclusive com intérprete de Libras e estamos aguardando só fechar a questão contratual para iniciar. O projeto, praticamente, do ponto de vista pedagógico, está pronto.

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O planejamento para as aulas na rede considera, entre outros pontos, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será aplicado em novembro para os estudantes do terceiro ano do Ensino Médio. A pasta deve anunciar nos próximos dias ações, como reforço e apoio com foco no exame.