Educação

Por Raquel Lopes e Maira Mendonça, A Gazeta


No Colégio São José, as ações estão sendo intensificadas na entrada e na saída dos alunos. Câmeras foram instaladas do lado de fora da unidade, em Vila Velha — Foto: Edson Chagas/ A Gazeta

Escolas particulares da Grande Vitória estão mudando a rotina de alunos, funcionários e pais de estudantes por causa da insegurança. Além das medidas de instalação de câmeras e mudança nos horários de saída e de entrada de alunos, há unidades contratando até segurança particular para rondas de vigilância no entorno do colégio.

Outra providência que tem se tornado mais frequente é a contratação de porteiros e outros funcionários que sejam moradores do bairro onde fica a escola. A ideia, nesse caso, é aumentar o reconhecimento de pessoas estranhas na região.

A diretora do Colégio São José, em Vila Velha, Irmã Rizomar, tomou várias providências depois que uma mãe de aluno foi sequestrada na porta da escola e teve o carro roubado. Ampliou o efetivo de vigias e está contratando uma empresa de segurança particular para fazer rondas, passando por todos os portões de acesso dos alunos e dos pais.

Além disso, a unidade conta com mais de 100 câmeras - número maior do que muitas cidades do interior têm a disposição nas ruas. “Sempre tivemos cautela em relação a segurança. A responsabilidade é da segurança pública, mas é importante orientar e estamos investindo muito em segurança. Um gasto que não estava previsto no orçamento deste ano”, disse.

Pai de uma aluna do ensino fundamental de uma escola da Praia do Canto, em Vitória, um engenheiro de 37 anos, que preferiu não se identificar, disse que toma pelo menos três providências ao levar e buscar a filha na escola.

“Sempre vou levá-la com a minha mulher. Aí não perco tempo procurando vaga ou fico vulnerável ao retirá-la do carro. Tento levá-la pelo menos uns 15 a 20 minutos antes da entrada, e só paro perto dos seguranças que ficam na porta”, contou.

Câmera na lateral do Colégio São José — Foto: Edson Chagas/ A Gazeta

Orientação

Além de tomar medidas como a instalação de câmeras internas e externas, o diretor da Escola Santa Adame, Renato Oliveira, disponibilizou uma área interna para que os pais possam aguardar pelos alunos do lado de dentro. A escola também realiza palestras educativas.

Mesmo sem registrar nenhum assalto este ano, a grande preocupação da Santa Adame foi alertar os pais sobre os perigos ao redor da escola. “São medidas para nos resguardar”, contou.

O Centro Educacional Charles Darwin solicitou à Polícia Militar e à Guarda Municipal ações preventivas nas imediações das suas unidades, e tem segurança particular.

Algumas iniciativas

Educativa

Escolas realizam palestra para crianças e para pais sobre segurança para auxiliar como eles podem se comportar em diversas situações.

Aumento de câmeras

Os colégios investem cada vez mais em câmeras de segurança. Em apenas um colégio há 100 câmeras instaladas.

Segurança Pública

Algumas escolas solicitam formalmente o apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil na Grande Vitória.

Pais

Em alguns colégios, os pais esperam a entrada e saída dos filhos dentro das unidades para ter mais segurança. Em outros há estacionamento interno na escola para que os pais tenham mais segurança para levar e buscar os seus filhos.

Pessoas conhecidas

Muitas escolas contratam porteiros do bairro. A intenção é identificar pessoas estranhas e conhecer as que frequentam a escola e circulam na região.

Nome na lista

Escolas só entregam os estudantes para as pessoas cadastradas que estão autorizadas a ir buscar.

Segurança particular

Unidades estão contratando segurança particular para fazer rondas ao redor da unidade.

Investimento pode aumentar mensalidade

Os investimentos feitos para reforçar a segurança nas escolas têm impactado o caixa das instituições particulares, já que as novas medidas também demandam novos custos.

Para o Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe), caso continuem crescendo, os gastos poderão ser repassados aos pais dos alunos através das mensalidades.

De acordo com o superintendente do Sinepe, Geraldo Diorio, os novos gastos dizem respeito não só a implantação de infraestrutura, como câmeras, como também à contratação de serviços terceirizados, esticando as planilhas de despesa.

“As escolas hoje são obrigadas a investir em segurança. Se continuar, isso vai ter que ser repassado para o consumidor final”, explica ele, que continua: “As escolas são capazes de reforçar a segurança apenas no entorno dela, mas nós dependemos do estado. É ele quem deveria promover mais segurança nas ruas”.

A mantenedora da Rede Alternativo, Maria da Penha Bergamin, responsável por três colégios aponta que o investimento é grande. Somente em Barcelona, na Serra, são 40 câmeras. Além disso, há o estacionamento interno para os pais colocarem e tirarem os filhos com tranquilidade.

“Percebo que a violência está crescendo. Há anos estamos instalando câmeras, isso facilita que caso venha acontecer alguma coisa, temos a condição de descobrir”, comentou.

A diretora do Colégio Messina, Fátima Zuain Messina, conta que há cinco câmeras instaladas, sendo que já foi possível identificar uma pessoa que havia pulado o muro do colégio. “Temos um porteiro que também ajuda a olhar. Nunca aconteceu nada com os alunos”, acrescentou.

Câmeras em escolas públicas

Os investimentos em segurança não são somente das escolas particulares, mas também públicas. A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou, por meio de nota, que as escolas estaduais são equipadas com câmeras de videomonitoramento.

“As escolas da rede pública estadual possuem sistema com câmeras de videomonitoramento e serviço de vigilância patrimonial”, afirmou por meio de nota.

Além disso, a Sedu informou que as escolas também recorrem ao patrulhamento para garantir a segurança de pais e alunos. “As escolas contam com o apoio permanente de policiais militares por meio da Patrulha Escolar, que atua de forma preventiva reforçando a segurança dentro do ambiente escolar”, finalizou por meio de nota.

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