Por Larissa Pandori e Júlia Martins, Tv Tem e g1 Sorocaba e Jundiaí


Escola retira trabalhos sobre racismo e movimento LGBTQIA+ após crítica de deputado

Escola retira trabalhos sobre racismo e movimento LGBTQIA+ após crítica de deputado

Uma escola de Salto de Pirapora (SP) retirou um painel com trabalhos sobre racismo e sobre o movimento LGBTQIA+ depois que um deputado estadual criticou a ação, afirmando que existem "doentes" e "militantes desgraçados" administrando o meio estudantil.

Durante a 69ª sessão ordinária da Assembleia Legislativa do Estado de S. Paulo (Alesp), Douglas Garcia (PTB) fez comentários sobre a atividade, que reunia desenhos sobre o movimento negro e sobre a luta LGBTQIA+.

"Nossas crianças do ensino médio sem saber ler, sem saber escrever ou fazer uma equação... Com essa merda de método Paulo Freire, que é um câncer pra educação paulista. É isso que as crianças precisam aprender na sala de aula? É sobre feminismo? Sobre a questão racial? Sobre a questão LGBT não sei das quantas? É sobre ambientalismo? Não! Precisam aprender português, matemática, biologia".

Escola de Salto de Pirapora (SP) retirou trabalhos de alunos sobre racismo e movimento LGBTQIA+ após crítica de deputado na Alesp — Foto: Reprodução

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"Eu tenho a maior absoluta certeza que, assim como outras escolas espalhadas pelo estado de São Paulo, isso não foi parar lá por acaso. Sempre tem, infelizmente, o doutrinador por trás, incentivando as crianças a propagarem esse tipo de conteúdo [...] Mas esse bando de doentes que estão administrando o meio estudantil não se importam por isso. Militantes desgraçados! Saiam da gestão das crianças nas nossas escolas", afirma.

Por telefone, o advogado do professor que aplicou a atividade para os alunos informou à Tv Tem que o profissional abordava a história de Martin Luther King e contextualizou a história do movimento negro na atualidade durante a aula.

O tema proposto na apostila escolar era falar sobre movimentos sociais liderados pela juventude, e a partir disso, o professor propôs aos alunos a criação de um mural com estes movimentos, mas ficava aberto para o aluno decidir qual movimento iria ilustrar, informou o advogado.

Após a reclamação do deputado a escola pediu ao professor que retirasse o mural, o que foi atendido.

O g1 pediu um posicionamento para a Secretaria Estadual de Educação sobre o ocorrido. Em nota, a pasta esclareceu que "o material didático incentiva o respeito às diferenças, promovendo a conscientização e discussão de diversos temas para que haja respeito mútuo entre a comunidade escolar".

"O tema abordado no mural divulgado era "os diferentes tipos de manifestações que ocorrem ao longo das décadas". A Diretoria Regional de Ensino de Votorantim ressalta que as atividades expostas nos murais da unidade citada pela reportagem são trocadas de acordo com as pautas trabalhadas semanalmente em sala de aula com os estudantes. No último final de semana, a escola sediou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que tem como protocolo remover qualquer tipo de material produzido por alunos e, por isso, o material foi retirado", acrescentou.

"O que o parlamentar defende é o direito dos pais educarem seus filhos conforme suas convicções morais e religiosas, o que não cabe aos professores. Inclusive, este direito está garantido expressamente na Convenção Interamericana dos Direitos Humanos. Em uma sociedade livre, as escolas devem ser centros de produção e difusão de conhecimento e não de produção de militantes", afirmou o deputado, por meio de sua assessoria.

O profissional continua lecionando normalmente, mas afirma ter ficado "chateado" com a situação.

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