Um só planeta
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Por Carolina Callegari — Rio de Janeiro

Uma ideia pode ser uma semente, que no lugar certo, com um time dedicado, curioso e criativo, pode crescer, dar frutos e ser um primeiro passo para a solução de um problema. Ao longo deste ano, alunos do Colégio Estadual Monsenhor Barenco Coelho, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, pensaram em como, dentro da escola, ajudar a variar o cardápio da unidade. Com a adaptação de um sistema que permite a produção integrada entre peixes e hortaliças, o projeto foi vencedor do Programa Shell de Educação Científica, que premia iniciativas inovadoras na área da sustentabilidade.

Os estudantes participaram de todas as fases do projeto. Primeiro, a professora de biologia Renata Motta fez algumas sugestões sobre o que poderia ser criado em sala de aula para pensar soluções para problemas ligados a questões climáticas, como água, energia e alimentos. O programa da Shell, que desde 2014 reconhece os esforços de educadores e estudantes da rede pública de ensino, tem a proposta de desenvolver o pensamento crítico e a criatividade para a resolução de problemas. São oferecidas ferramentas às escolas participantes para orientar nas diferentes etapas, como detecção de problemas, desenvolvimento de soluções e suas viabilidades e execução de um plano de ação.

Assim, os alunos pensam num problema que acontece dentro da escola, encontram uma possível resolução, criam um plano de ação e então colocam em prática. O desafio foi composto por diferentes fases, entre elas, pesquisa, adaptação de recursos e conversas com especialista, envolvendo criatividade e dedicação. Assim foi formado o grupo, chamado Elementares, com dez alunos diretamente envolvidos.

— Tínhamos que pensar no problema que mais afetava a escola, nos reunimos e pensamos, fazendo uma listagem com o que tinha de mais evidente. Começamos a fazer a eliminação, com o que podíamos resolver e o que não, o funil de viabilidade, uma das ferramentas que a Shell viabiliza. Uma coisa que notamos é que depois da pandemia o padrão da comida mudou muito. É só arroz e feijão, quase não tinha salada, faltava um tempero. A gente sentia falta dessa composição do prato, não tinha variedade, apesar de ter quantidade — conta a estudante Beatriz Correa, uma das que está à frente do projeto.

Alunos usaram o que tinham disponível para construir um sistema aquapônico, com baldes e pedaços de telhas. Iniciativa deu certo e foi premiada — Foto: Divulgação
Alunos usaram o que tinham disponível para construir um sistema aquapônico, com baldes e pedaços de telhas. Iniciativa deu certo e foi premiada — Foto: Divulgação

A escolha foi pelo sistema aquapônico. Num mecanismo simples, ele integra vegetais terrestres e aquáticos com animais aquáticos, principalmente peixes, que interagem de maneira a produzir uma diversidade de alimentos em um sistema sustentável, que pode ser adaptado para baixo custo e a pequenos espaços. Nele, são interligados, por canos ou mangueiras, um tanque com peixes a um recipiente onde é feito o cultivo. O sistema será praticamente autônomo, em que a água rica em nutrientes, por meio de detritos e restos de alimentos, servirá para regar a plantação, que, por sua vez, irá devolver água purificada.

Entre os desafios estava adaptar os materiais para o projeto. Por meio de pesquisa, o grupo percebeu que não eram necessárias bombas caras, nem grandes tanques. Baldes, caixas organizadoras e até mesmo resto de telhas desempenharam bem a função. Até mesmo uma versão mini foi criada para apresentar o sistema em feiras, numa reprodução dentro de garrafas pet. O projeto recebeu o nome, em tupiguarani, Yby'y, que significa terra e água.

— O sistema consegue juntar a criação de animais, em que nós escolhemos os peixes, com vegetais. São ecossistemas aquático e terrestre sem uso de agrotóxico e com custo reduzido. A escola faz um esforço para a alimentação, mas não é um problema apenas dela, mas da comunidade, como falta recurso. Essa é uma solução possível — diz a professora Renata Motta, que também é bióloga e técnica agrícola.

A ideia germinou e já deu seus primeiros frutos. Cebolinha e morangos já foram colhidos, dando o gostinho de um trabalho bem feito. A expectativa é de que no próximo ano passe a abastecer o cardápio da escola, atendendo à proposta da iniciativa. Os peixes também devem entrar no menu quando atingirem tamanho suficiente.

Uma outra fase do projeto é ampliá-lo dentro do colégio para que possa fornecer mais alimentos. No momento, são cultivados cebolinha, morango, tomate, hortelã e ora-pro-nóbis, planta rica em proteínas que, pouco disseminada nos pratos, é uma PANC, sigla para plantas alimentícias não convencionais.

— O clube foi importante para aumentar a autoestima dos alunos. A sensação de pertencimento, de dar continuidade ao projeto e ter responsabilidade de treinar outros alunos. O mais importante de tudo é o legado que a turma está deixando para a escola. Hoje já se sentem orgulhosos dos colegas, que se olham de outra forma. É um projeto muito lindo que contamos com o apoio da Shell, mas com um esforço de todos para mostrar que a escola pública pode ser uma potência — salienta a professora.

O projeto foi premiado com o primeiro lugar do estado do Rio de Janeiro no Programa Shell de Educação Científica deste ano, que teve cerimônia realizada no Museu do Amanhã no último dia 2.

— O Programa Shell de Educação Científica tem o objetivo de incentivar jovens a trilharem caminhos voltados para a ciência. O programa oferece ferramentas que desenvolvem a leitura de cenários, o pensamento sistêmico e a resolução de problemas de forma criativa. Tudo isso dentro do nexo causal água, alimento e energia. Sabemos que o mundo atual apresenta desafios complexos e precisamos de novos talentos que os enfrentem, que criem soluções de forma sustentável e sistêmica. Esse é o legado que queremos deixar com este programa — afirma a gerente de performance social da Shell Brasil, Maria Angert.

Em menos de um ano, o projeto já criou raízes. O grupo Elementares foi formado por alunos que cursavam o 3º ano do Ensino Médio e que concluíram os estudos neste ano. O legado fica com estudantes do ensino fundamental treinados e organizados pelos participantes do grupo. Eles terão a tarefa de prestar todos os cuidados e acompanhar o desenvolvimento da produção. Os cuidados são simples, mas requerem atenção, como garantir a quantidade certa de tempo de exposição ao sol e a qualidade da água.

Em planos futuros está semear a ideia para além dos muros do colégio. Os alunos já têm estudado formas de replicar o modelo para outras unidades.

— Eu não imaginava que podia chegar nisso. Depois de fazer tudo, da correria, se reunir quase todo dia e ver que deu um resultado, que os alunos estavam empolgados com isso. Queríamos que desse certo e todos estavam na torcida. Foi revigorante saber que podemos fazer para mudar algo. A falta de comida acontece em muitas escolas. Aqui temos falta de coisas essenciais, e vemos que tem solução e que conseguimos encontrar uma — destaca Beatriz.

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