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Diversidade e Inclusão

Escola inclusiva desde o primeiro dia

Reportagem especial do #blogVencerLimites, dividida em duas partes, destaca a história do Colégio Paulicéia, na região sul de São Paulo, que nasceu há 59 anos com uma proposta inclusiva, quando esse tema era praticamente inexistente na educação. Com sua metologia de 'inclusão monitorada', é uma referência no País. A atual diretora da escola, filha dos fundadores, analisa o resultado efetivo da Lei Brasileira de Inclusão no ambiente escolar, avalia o cenário atual da educação inclusiva e explica a importância da diversidade na sala de aula.

Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:


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Descrição da imagem #pracegover: Grupo de 14 alunos do Colégio Paulicéia reunido em volta de uma mesa. Todos fazem desenhos em folhas de papel com lápis colorido. Crédito: Reprodução.  Foto: Estadão


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"Vivemos numa sociedade que ainda tem muita dificuldade para lidar com o que não é espelho. A diversidade, de forma geral, ainda é um grande desafio. Uma escola inclusiva exige muito de todos e construí-la é sim algo complexo", afirma a pedagoga e psicóloga Carmen Lydia Trunci, diretora do Colégio Paulicéia, em São Paulo, uma referência nacional em metodologia de educação inclusiva.

Fundado como Externato Paulicéia em 30 de setembro de 1960 pela professora Juracy da Silva Trunci, mãe da atual diretora, o colégio atende alunos do ensino infantil ao ensino médio, com atenção centralizada na diversidade e na inclusão de todas as pessoas.

"O Colégio Paulicéia nasceu como uma escola humanista, onde as crianças eram aceitas. Na época não se falava em inclusão e não era comum crianças com deficiência na escola. Não tenho lembrança de ter convivido com nenhuma criança com uma deficiência mais aparente em minha escola. Estudei no Colégio Paulicéia até os 10 anos", conta Carmen Lydia.

"O atendimento de crianças que aprendiam em ritmo diferente foi ocorrendo gradativamente e, quando eu comecei a atuar na escola, aos 17 anos, nosso trabalho começou a se ampliar", relembra a diretora. "De lá pra cá, muito estudo e dedicação a esse ideal. Penso que todos as pessoas que se dedicam à educação o fazem por um ideal maior. Não é fácil desenvolver uma escola. São muitas variáveis a serem analisadas. É difícil atribuir a esse ou aquele aspecto as dificuldades de termos boas escolas inclusivas", avalia a pedagoga.

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METODOLOGIA - Entre os estudantes do Colégio Paulicéia, 30% têm deficiências. E todos são atendidos a partir da metodologia de 'Inclusão Monitorada', criada pela escola para favorecer a participação do aluno em programas adequados ao seu perfil, respeitando o ritmo de cada pessoa para vencer de maneira gradual as dificuldades.

Esse método é aplicado em toda a escola, com programas sistemáticos de mediação pedagógica e comportamental, amparando o aluno de forma permanente, desde a entrada na educação infantil até a conclusão do ensino médio.

"Um esquema de inclusão que funciona deve levar em conta que as pessoas são diferentes. Defendo o modelo de inclusão com Análise do Comportamento Aplicada. É preciso que tenhamos profissionais preparados para isso, que construam um currículo adaptado, levando em consideração o currículo típico, assim como o respeito ao aluno", ressalta Carmen Lydia.

A diretora reforça a afirmação de que a a inclusão beneficia a todos e desenvolve aspectos relevantes para a formação do ser humano. "Penso que a escola é o lugar do aprender, deve ser assim para todos os alunos e, por isso, pensar numa inclusão de qualidade é pensar no aprendizado de cada um, garantindo que a escola seja no futuro uma alegre lembrança e uma base para o amanhã", diz.


https://www.facebook.com/colegio.pauliceia/videos/2500596566838768/

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LEGISLAÇÃO E OBRIGAÇÃO - A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Nº 13.146/2015), no Capítulo IV - artigos 27 ao 30, estabelece como "dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação".

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A LBI também determina que as escolas são obrigadas a oferecer todos os recursos de acessibilidade necessários, além de proibir a cobrança de taxa extra e também da recusa de matrícula por causa da deficiência. Na prática, ações que desobedecem a lei ocorrem o tempo todo, especialmente nas épocas de reserva de matrícula para o ano seguinte.

Para a diretora do Colégio Paulicéia, que atua na educação inclusiva há mais de 40 anos, apesar das dificuldades, há uma evolução nesse aspecto.

"Vivencio diariamente o amadurecimento da nossa sociedade. Claro que, como tudo, não há uma situação ideal, mas se pensarmos em anos atrás, muita coisa mudou para melhor. Penso que deve haver união entre famílias e escolas para que, juntas, possam achar as melhores soluções", ressalta a professora.

INCLUSÃO NO TRABALHO - A crescente demanda do mercado de trabalho por pessoas com deficiência, resultado da Lei de Cotas (Nº 8.213/1991) e da maior fiscalização, ainda não é suprida de maneira inteligente. O percentual de empresas no Brasil que promovem a inclusão de fato chega a 2%, segundo a Rede Empresarial de Inclusão Social (REIS).

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Existem profissionais e consultorias especialistas nesse tema, mas o acompanhamento aos trabalhadores com deficiência em um novo ambiente requer metodologias específicas que, muitas vezes, não são aplicadas.

A segunda parte dessa reportagem especial vai destacar a 'Ser Especial', associação criada em 2002 pela equipe do Colégio Paulicéia para promover a inclusão social e profissional de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.


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