A diretora contou ao G1 que muitos alunos precisavam passar pela fase de recuperação e que viu nas pizzas uma forma divertida de chamar a atenção para aprender matemática, o “monstro” a ser combatido por muitos estudantes. “O desafio era que as aulas de matemática fossem mais atrativas, ainda mais por ser no período das férias. Daí surgiu a ideia de fazer o reforço de uma forma diferente”, explicou.

Dessa forma, os alunos passaram a entender para quê serve a matemática, como usá-la dentro de sua vivência e, segundo ela, houve quem nem dormisse direito pensando na aula, que tinham o tema ‘Aprendendo frações com Pizza’. Além desta, também houve a aula ‘Multiplicando com docinhos’, tudo feito pela própria diretora.

“Uma das mães me disse que a filha quase não dormiu. Acordava no meio da noite perguntando: ‘Mãe, já amanheceu? ’. Estava ansiosa pelo dia seguinte e é muito gratificante para o nosso projeto, pois aumenta o interesse deles em vir à escola. Os mimos são importantes, nos ajudam a chegar ao objetivo, mas o que enriquece mesmo é a aprendizagem”, pontuou Roberta Kelly.

A criança que não via a hora de chegar na escola é Nívea Clara Cardoso, de 10 anos. Ela participou das aulas e experimentou pizza pela primeira vez através das aulas. “Eu nunca tinha comido pizza, comecei a estudar para fazer a prova e fiquei muito feliz em vir para a escola. A pizza estava uma delícia”, disse Nívea.

As mães de alguns alunos acompanharam atentamente o último dia de pizza na escola e falaram sobre a importância de ver seus filhos interessados em aprender. Luana Alves, mãe da Nívea Clara, aprovou a idéia e ressaltou o aumento do interesse da filha em aprender. "Ela ficou muito animada com o que aprendeu", contou a dona de casa.

Outra mãe satisfeita é Cleonice Pontes, que vê o filho aplicar o aprendizado obtido na escola. "Meu filho já consegue contar melhor, aprendeu mesmo a fracionar e quando vê uma fruta diz: 'Olha mãe, já dá pra fazer' . Esse incentivo estimulou o cérebro dele a trabalhar mais rápido", afirmou. Já a cabelereira Jaciara Alves declarou que o método é eficaz pois desmitifica a fama ruim da matemática. "Elas aprendem brincando e mais rápido", apontou.

O fato da própria diretora preparar as pizzas para utilizar nas aulas fez com que a receptividade do projeto fosse ainda mais positiva. Roberta explicou que o número de alunos nas aulas de recuperação aumentou com o decorrer dos dias. "Começamos com 21 alunos, reduzimos a carga horária e tiramos o dever de casa para que eles aproveitassem as férias. A partir do segundo dia eles avisaram os colegas e até agora já temos 32 alunos assíduos. As professoras também receberam mimos para saber que os alunos precisavam delas", explicou.

Os recursos para os lanches são inteiramente fornecidos pela diretora e, por causa da situação econômica das crianças da região, outras idéias ganharam espaço com o objetivo de influenciar no aprendizado dos alunos. "Há mais de um ano nós visitamos as famílias levando cestas básicas, arrecadamos alimentos juntamente com amigos e familiares e é importante essa parceria da família com a escola. Acredito na escola como responsável por mudar a realidade que vivemos hoje", destacou a diretora.

A escola possui mais de 930 alunos, do 1º ao 5º ano, e conta com outro projeto, o 'Cineminha de honra ao mérito' que premia a cada semestre quatro crianças com as melhores notas e assiduidades. Elas são levadas ao shopping, assistem filmes, brincam e lancham. "O brilho no olhar das crianças é incrível e isso reflete dentro da escola, é uma motivação mais próxima da realidade", completou a diretora.