Por Igor Jácome e Julianne Barreto, G1 RN/ Inter TV Cabugi


Sala de aula da Escola Estadual Crisan Siminéa, em Natal, ainda tem marcas da depredação — Foto: Julianne Barreto/Inter TV Cabug

Após quase uma semana de limpeza e arrumação, a Escola Estadual Crisan Siminéa, no Conjunto Nova Natal, Zona Norte da capital potiguar, tenta voltar à rotina a partir desta quinta-feira (5). A escola foi depredada no sábado (30 de setembro) por vândalos que realizaram quebradeira e picharam as paredes. "Vou matar funcionário durante aula”, dizia uma das ameaças deixadas pelos criminosos.

A escola tem por volta de 160 alunos que frequentam o turno matutino, porém cerca de 80 apareceram nesta quinta (5). Alguns pais levaram seus filhos à unidade, mas voltaram com eles para casa ao constatarem que não havia uma viatura policial em frente ao prédio. Crianças choravam com medo de ficar para aula.

Outros pais resolveram passar a manhã na porta da escola, para tentar garantir a segurança das crianças. A direção da unidade teme uma evasão escolar, faltando dois meses para o fim do ano letivo.

"Muitos pais falaram que querem tirar seus filhos da escola", diz o diretor Marcelo de Medeiros Nacimento. Ele considera que uma transferência a essa altura do ano causaria prejuízo pedagógico aos alunos. Quanto aos funcionários, ameaçados, ninguém faltou ao trabalho, mas o diretor confirmou que um servidor pediu remoção da escola.

"Mainha, não quero ir mais para a escola", disse o filho mais novo da dona de casa Ediane Regina, 35 anos. Aos oito anos de idade, a criança ficou com medo da violência, diante do que viu na sua própria escola. A mulher é uma das mães que ficaram em frente à escola na manhã desta quinta (5), para ver se não tinha 'nenhum tumulto'. "Se acontece alguma coisa, a gente pega nosso filho e vai embora, não é? A gente não quer que aconteça nada com nossos filhos", diz a mãe.

Mães ficaram na frente da escola, no retorno às aulas, com medo de ameaças — Foto: Julianne Barreto/Inter TV Cabug

Ela também pretende 'vigiar' outro filho, de 12 anos, que estuda à tarde. "A gente não vai poder fazer isso todo dia, porque tem as coisas para fazer em casa", comenta. Ela lamenta a situação da escola. Outros dois filhos mais velhos também estudaram por lá e a mãe conta que a escola vinha de um momento muito bom. "Já teve muito problema, falta de professor, mas essa equipe que está lá agora é muito boa, tudo estava muito bom. Ai vem isso. Desanima a gente", desabafa.

A unidade recebeu vigilância armada 24 horas após a ocorrência do último sábado. "Ficaram de enviar a viatura da Polícia Militar, mas ainda não apareceu", revela. Um carro da Guarda Municipal está passando em frente à escola, em rondas periódicas.

Ainda de acordo com a direção, a Escola Estadual Crisan Siminéa tem cerca de 750 alunos frequentes, a partir dos seis anos até a idade adulta, no EJA, cujas aulas são ministradas à noite.

Guarda Municipal fez ronda em frente à Escola Estadual Crisan Siminéa, em Natal — Foto: Julianne Barreto/Inter TV Cabug

Memória

De acordo com testemunhas, seis homens encapuzados invadiram a escola e causaram toda a destruição. Tintas que estavam nos armários foram jogadas na parede, salas ficaram reviradas. Os criminosos arremessaram, inclusive, uma carteira no teto do prédio.

A viação e a tubulação que dá acesso à caixa d'água da escola também foram danificadas pelos bandidos. Desde este sábado (30) o prédio está sem água e sem energia. Eles também defecaram e espalharam as fezes pelas paredes.

No momento da invasão, não havia ninguém na Escola Crisan Siminéa. A polícia foi acionada e mandou uma equipe até o local, no entanto o grupo já havia ido embora quando os policiais chegaram. Ninguém foi preso.

Criminosos invadiram a escola na Zona Norte de Natal e picharam ameaças aos funcionários — Foto: Julianne Barreto/Inter TV Cabugi

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!
Mais do G1