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O Ministério da Educação (MEC) transformou numa confusão a divulgação dos resultados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que define mais de 260 mil vagas para universidades públicas do país com base nas notas do Enem. As informações, aguardadas com ansiedade por 2 milhões de jovens em todo o Brasil, foram divulgadas com erros que provocaram indignação e frustração.

A divulgação dos classificados estava prevista para até 18h30 do dia 30 de janeiro. Às 20h, mais de uma hora depois do prazo estipulado, o ministério decidiu adiar o resultado para o dia seguinte. Em nota, a pasta informou que a Subsecretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação identificara “problemas técnicos no sistema”. Descobriu-se depois que, apesar das inconsistências, parte dos estudantes conseguira acessar as informações no site oficial do MEC. Muitos comemoraram a entrada numa universidade pública. Para espanto geral, as informações estavam erradas.

O próprio MEC admitiu o equívoco. Afirmou que os resultados, disponíveis por cerca de 25 minutos, eram provisórios e não haviam sido homologados, pois ainda estava em andamento a reserva de vagas para cotistas. A União Nacional dos Estudantes (UNE) classificou o episódio como “grande absurdo” e prometeu lançar uma plataforma para receber denúncias.

O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou em entrevista à rádio CBN que a pasta apura o que aconteceu, para saber se o erro partiu da área técnica ou da empresa que presta serviço ao ministério. É obrigação do MEC investigar os erros, mas isso não redime o governo.

A aplicação do Enem já despertara celeuma. Candidatos reclamaram de ter sido alocados para fazer prova a mais de 30 quilômetros de casa, contrariando o determinado pelo edital do exame. De acordo com o Inep, pelo menos 50 mil estavam nessa situação. Todos puderam fazer o exame noutra data, mas o governo foi incapaz de apresentar uma explicação razoável para a falha. Santana chegou a ser convocado para uma audiência na Câmara. Depois, em novembro, questões vazaram antes do horário permitido, levantando dúvidas sobre a segurança da prova.

O MEC foi marcado por uma série de escândalos no governo passado, o mais rumoroso envolvendo acusação de negociatas com verbas públicas para prefeituras. Na atual administração, as falhas de gestão se sucedem. A educação no Brasil enfrenta uma infinidade de problemas, como má formação de professores, escolas precárias ou desempenho insatisfatório dos estudantes na comparação internacional. Combatê-los exige no mínimo gestão eficiente, para que o governo possa se preocupar com o que realmente importa: melhorar a qualidade do ensino.

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