Brasil
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Por Bernardo Yoneshigue — Rio de Janeiro

Um novo relatório do Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil (ODJHB) mostra que os episódios de neonazismo e antissemitismo em ambientes escolares cresceram 760% no Brasil nos últimos três anos. O documento foi apresentado neste sábado no Ato internacional em homenagem à vida, no Memorial da Resistência, em São Paulo.

O aumento dos casos observados em escolas chama a atenção por ter sido mais que o dobro do crescimento quando considerados todos os atos do tipo no país, que saltaram 375% no mesmo período. Chamado “Relatório de eventos antissemitas e correlatos no Brasil”, o documento faz uma análise dos eventos ocorridos entre 01/01/2019 e 31/12/2022.

No geral, considerando todos os espaços, foram identificados 24 atos em 2019, e 35, em 2020. No ano seguinte, o número subiu para 67 episódios, e chegou a 114 em 2022 – aumento de 70,15% em apenas um ano. Já quando analisados somente aqueles nas escolas, foram 5 no primeiro ano do monitoramento, 3, em 2020, e 7, no ano seguinte. Em 2022, porém, foram 43 registros – um salto de 514,3%.

“No comparativo anual, os eventos antissemitas e neonazistas em 2022 representam quase metade dos casos do período (47,50%, 114 de 240). Com relação ao ambiente escolar, o aumento é ainda mais expressivo (74,14%, 43 de 58)”, destaca o relatório.

Eventos neonazistas e antissemitas no Brasil

2019 2020 2021 2022 Total
Antissemitismo 12 14 18 25 69
Neonazismo 12 21 49 89 171
Total 24 35 67 114 240

Eventos neonazistas e antissemitas em escolas no Brasil

2019 2020 2021 2022 Total
Antissemitismo 1 2 2 6 11
Neonazismo 4 1 5 37 47
Total 5 3 7 43 58

No documento, os autores chamam atenção ainda para o crescimento de células neonazistas no Brasil como um “sinal de alerta”. Em outubro de 2021, eles citam que 530 haviam sido identificadas. Em novembro do ano passado, foram 1.117, um crescimento de 110,8%. “Além da ampliação da área geográfica de atuação (de 249 cidades para 298), atingindo 22 estados e o Distrito Federal”.

Em relação às escolas, os membros do ODJHB escrevem que vários episódios recentes de ataques “têm relação com grupos neonazistas razoavelmente organizados, independentemente de terem resultado em mortos ou feridos. Em geral, foram perpetrados por pessoas que tinham algum contato com esses grupos neonazistas, cuja existência foi revelada pelas investigações policiais”.

Fonte de atos neonazistas

Em relação aos episódios antissemitas e neonazistas no geral durante os três anos, os responsáveis pelo relatório também mapearam a fonte dos atos. Dividido entre “extremistas + bolsonaristas”; “cargos públicos”; “mídia”; “presidente + governo” e “outros”, os autores identificaram que a maioria (43%) ao longo dos três anos foi provocado por “extremistas + bolsonaristas”, seguido por “outros” (25%). O então presidente, Jair Bolsonaro, junto a membros de seu governo, foi associado a 8% das ocorrências.

“A associação entre a distribuição temporal dos eventos estudados no relatório e as circunstâncias da ação política de Jair Bolsonaro e seus interesses na disputa eleitoral, reforça a tese de que as manifestações e ataques de cunho neonazistas ocorridas nesse período não foram acontecimentos isolados. Considerando a tendência global de aumento do neofascismo, a face nacional do seu crescimento está ligada a uma extrema direita institucionalizada, que esteve no poder nos últimos quatro anos”, escreveram.

No relatório, o observatório citou ainda o aumento de outros atos de ódio, que podem indiretamente estar ligados ao neonazismo e o antissemitismo. “O fato de quase todos os eventos de caráter neonazista serem também racistas, homofóbicos, xenofóbicos, antissemitas, etc., faz com que a separação entre, por exemplo, eventos neonazistas e eventos antissemitas nem sempre seja possível nestes casos”.

“É o que se verifica, por exemplo, nos vários atos neonazistas em diferentes unidades da Universidade Federal de Santa Catarina (Joinville e Florianópolis), em outubro de 2022, nos quais as ofensas e ameaças, muitas ilustradas com suásticas, foram dirigidas não apenas a judeus, mas também à população LGBTQIA+, feministas, negros, gordos e amarelos. Ainda assim, nosso foco permanece sendo o antissemitismo e o neonazismo”, afirmam os responsáveis, e complementam:

“Sabe-se que nem todo racista é necessariamente nazista, embora seja impossível haver um nazista que não seja racista (ou homofóbico, ou xenófobo, ou misógino, etc.)”.

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