Eleições 2022
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Por Camila Zarur — Belo Horizonte


O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, pré-candidato do PSD ao governo de Minas Gerais — Foto: Washington Alves/Light Press
O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, pré-candidato do PSD ao governo de Minas Gerais — Foto: Washington Alves/Light Press

Ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) afirma que firmou a aliança eleitoral com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ‘ter lado’, mas evita se associar à disputa ideológica. Rompido com a bancada federal do PSD, o pré-candidato ao governo de Minas diz que os deputados de seu partido só querem cargos, não têm 'a menor importância' e que sequer sabe o nome de todos.

O senhor chegou a negociar aliança com Ciro Gomes, em quem declarou voto em 2018. Ele esperava agora a repetição desse apoio, mas o senhor preferiu a aliança com Lula...

Eu não conversei com ele (Ciro) depois desse apoio ao Lula, mas ele entendeu quando veio aqui. Na vida a gente tem que ter coerência. Eu tenho uma forma de pensar, o Ciro tem a mesma e o Lula também tem. É o lado que pensa e que cuida de gente. E não me venha com esse negócio de esquerda e direita. É gente que cuida de gente. Eles (adversários políticos) estão um pouco assustados que o cara que veio da iniciativa privada está pensando em gente. Tentam tachar de foice, martelo, comunismo, não sei o quê. Esse não é meu papo. Meu papo é cuidar de gente. Eu nunca pulei de um lado radicalmente para outro.

Ao se aliar ao PT , entrou em seu cálculo a força do antipetismo, e se pode ter adquirido um “telhado de vidro” se o associarem a casos de corrupção em governos do PT?

A primeira coisa na vida é que você tem que ter lado. Assumo todos os meus riscos. O ex-presidente Lula construiu uma história que tem que ser respeitada. Ao contrário que estão tentando dizer, ele foi inocentado. Colocar corrupção nas minhas costas vai ser muito difícil, inclusive através do PT. Em mim cola tudo, malcriado, mal-educado, sem educação, respondão, grosso, mas corrupção não cola.

Quando o senhor fala em ter lado, tem relação com a polarização entre Lula e Bolsonaro?

É ter lado. É achar que nós temos que cuidar de gente pobre. E para todos eu digo o seguinte: “Quem cuida de pobre é poderoso e rico”. Porque não adianta, o pobre nunca vai poder cuidar do pobre, porque não aguenta nem cuidar de si. Eu tive oportunidade, não sou pobre, não ando de ônibus. Tenho caneta, relógio de ouro, tenho tudo isso. Mas no governo eu cuidei de pobre. Tanto o governador de Minas quanto o presidente da República, que têm o poder de cuidar desse povo, não cuidaram. A vida das pessoas piorou. Para mim, a carne é uma bobagem, a cervejinha é uma bobagem. Mas para quem é pobre, não é. Fazer um churrasquinho, tomar uma cerveja, poder comprar gás, fazer uma viagem para uma praia... Isso é vida, entendeu? O ser humano não é tartaruga. Ser humano não é passarinho. Para quem perdeu isso é muita coisa.

O governador Romeu Zema, apesar de ter participado de eventos com Bolsonaro, evita atrelar a imagem ao presidente.

O problema disso não é político, é de caráter. Se eu quisesse evitar alguém, eu não me aliava com ninguém, não aproveitava de ninguém.

Caso o senhor seja eleito, vai governar um dos maiores estados do país e que tem uma das maiores dívidas. Está disposto a dialogar com quem for eleito para o Palácio do Planalto?

É o que devia ser feito. O próximo governador vai receber um estado muito mais quebrado que estava, com quase R$ 50 bilhões a mais de dívida. Como é que faz? Exigindo de Brasília, seja quem for presidente da República, que Minas Gerais seja colocado no lugar dele. Claro que se for o Lula vai ser muito mais fácil.

O PSD de Minas está rachado. Os quatro deputados na Câmara, por exemplo, apoiam Bolsonaro e defendem, inclusive, seu adversário, o governador Romeu Zema. Não ter apoio no próprio partido não é um sinal de fraqueza que pode atrapalhar a sua campanha?

Absolutamente. Muito ajuda quem pouco atrapalha. Eles ficam lá com o governador deles, eu sei por que eles estão com o Zema e com o Bolsonaro. Não trato política desse jeito.

E qual é o motivo?

Porque tem cargos, tem emendas do relator, tem coisas aí que estão arrebentando o nosso país e não me interessam. Eles não têm a menor importância no quadro político em Minas Gerais. Eu nem sei o nome de todos e nunca entrei no gabinete de nenhum. Vários deles já foram encher meu saco lá na prefeitura.

O PSB, aliado nacional do PT, lançou um candidato próprio ao governo de Minas, em vez de apoiar o senhor. Isso não irá dividir votos?

Não sei, acho que nós temos que fazer a nossa campanha. A nossa campanha é a saúde e a infraestrutura do estado. Vamos difundir que nós temos que cuidar de gente. Vamos mostrar o que nós fizemos na prefeitura. Agora, se for olhar meus adversários, é só todo mundo mostrar o que fez.

Como prefeito, o senhor foi alvo de CPIs, processos de impeachment e trocou ofensas com vereadores. Acredita que esse histórico pode prejudicá-lo na campanha?

Isso aí foi arquitetado pelo Palácio Tiradentes (ao citar a sede administrativa do governo de Minas Gerais, Kalil insinua que o governador Romeu Zema moveu seus aliados no Legislativo contra ele). O povo entendeu bem. Eu fui alvo de uma CPI de um respirador que Belo Horizonte não comprou nenhum. Na pandemia, a prefeitura passou lisa, sem um processo, sem uma investigação. E o povo entende. É o que eu digo sempre, pobre é pobre, pobre não é burro. O meu lema é sem mentira e sem promessa, porque a campanha está sendo mentiras repetidas. É a tática do nazismo. Repetir a mentira para ver se cola. Mas não vai colar.

Por falar em processos, o TSE desaprovou as contas da sua campanha de 2016, que não teria comprovado a origem de R$ 2,2 milhões. O senhor alega que o valor veio da venda de um apartamento, mas havia a suspeita de que foi uma venda de fachada para ocultar a real origem...

Eu recorri (da decisão do TSE). É só ir lá. Falta pedir para oficiar um cara para bater na porta do apartamento que eu vendi de mentira. O dono do apartamento vai abrir a porta. “O senhor comprou o apartamento?”. “Comprei”. “O senhor está morando aqui?”. “Estou”. “Ah, muito obrigado”. E fechar a porta. É esse o trabalho que eles vão ter para ver que a venda não foi fictícia, que foi vendida na época e que tem gente morando lá.

Hoje, há uma liminar no Supremo Tribunal Federal que permite a Minas Gerais não pagar a dívida com a União. Zema tentou aprovar o regime de recuperação fiscal na Assembleia Legislativa. O senhor pretende levar à frente essa proposta?

O regime de recuperação fiscal não é um assunto que pode ser colocado na Assembleia Legislativa igual o governador colocou. Nós temos uma defasagem na Polícia Militar de sete anos sem reajuste de salário. Se aprova o regime, serão mais nove. Nós estamos falando de 16 anos sem reajuste. Nós vamos ter polícia? Isso não é feito dessa forma, senão vai ser igual ao Rio de Janeiro. Regime de recuperação fiscal é feito com presidente da República sentado na mesa e explicando problema por problema do regime no seu estado.

O senhor pretende dar prosseguimento à mineração na Serra do Curral?

É claro que nós vamos tentar derrubar isso tudo, pôr ordem na casa. Depois da Samarco, lá em Mariana, e depois Brumadinho, nós temos que ter uma esperança que vai ter um governo com autoridade.

O que o senhor propõe para evitar novas tragédias causadas pela chuva, como vimos no início do ano no estado?

Nós podemos falar o que foi feito em Belo Horizonte, o maior programa de contenção de água da história da cidade. No meu mandato, caiu o que tecnicamente chamam de “chuva de mil anos”. Foram quase 200 milímetros em meia hora. A cidade foi destruída. Só que nós tínhamos a ciência nos avisando que isso poderia acontecer. Nós nos preparamos, espalhamos máquinas nos pontos com maior alagamento, avisamos a população, não houve uma morte. O importante é se prevenir e reagir após a tragédia.

O que fará para diminuir a desigualdade de acesso à educação no estado e reparar os atrasos causados pela pandemia?

Vou repetir o que foi feito em Belo Horizonte. Todas escolas municipais são munidas de internet e houve uma aquisição de tablets que foram distribuídos para as escolas. Educação é até um tema muito fácil. O grande problema da educação é que o governo não consegue gastar verba.

Belo Horizonte foi uma das capitais com mais restrições para conter o avanço da Covid-19. Faria algo diferente?

Eu me arrependeria se Belo Horizonte tivesse um crescimento econômico menor do que qualquer cidade. O resultado da pandemia é simples agora que já está arrefecida: é quem teve menos mortes. A economia está igual no país inteiro. Estamos como no período pré-pandemia, quando já estava um caos a economia. Então hoje a resposta é muito simples, quem agiu bem foi quem matou menos (a capital mineira registrou a terceira menor taxa de letalidade entre as capitais do país, atrás de São Luís e Maceió).

O senhor é conhecido por ter um temperamento explosivo. Como vai dialogar com adversários?

Eu não sou explosivo, sou indignado. A indignação faz parte da minha personalidade. Eu não gosto de sacanagem, não gosto de politicagem, não gosto de covardia, não gosto de povo comendo osso. Mas eu raramente costumo explodir. Tenho muito mais fama do que sou. Sou um cara afável, do diálogo.

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