Brasil Educação

Entidade que representa gestores municipais critica decisão do MEC de adiar avaliação de alfabetização

Undime afirma que não foi consultada pelo ministério; municípios são os principais responsáveis pelo ensino fundamental no país
Avaliação estava previsa para 2019 Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Avaliação estava previsa para 2019 Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

RIO- A União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), que representa os secretários de Educação dos municípios, responsáveis  por 67,8% das matrículas no primeiro segmento do ensino fundamental, criticou a decisão do governo de adiar a avaliação de alfabetização. A organização afirma ainda que foi pega de surpresa, contrariando a prática dos últimos governos, que consultavam a organização antes de tomar decisões de impacto.

Nesta segunda-feira, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou uma portaria adiando a avaliação de alfabetização para 2021. No ano passado, a gestão Michel Temer afirmou que passaria a verificar a alfabetização mais cedo, aos 7 anos de idade (2º ano do ensino fundamental), em uma prova que deveria ser feita em outubro de 2019. De acordo com o presidente da Undime, Aléssio Costa Lima, o hiato na realização da análise pode prejudicar o desenvolvimento de políticas públicas para a área.

— A gente foi surpreendido com a publicação dessa portaria. Ficamos preocupados com o prejuízo para a Educação, sobretudo na etapa de alfabetização. Protelar a avaliação para 2021, um tempo demasiadamente grande, significa quase quatro anos sem diagnóstico — criticou Lima. —  Em que pesem as limitações metodológicas, a avaliação cumpre papel importante para mostrar a gravidade do problema. Isso é muito importante para que muitos estados e municípios pautem políticas para priorização dos anos iniciais e dos processos de alfabetização.

Na opinião de Lima, a decisão de realizar a avaliação em dois anos impossibilitará que seja feito um retrato do início da nova política federal para a alfabetização.

— Estamos perdendo uma excelente oportunidade de produzir um diagnóstico de entrada do governo, neste momento em que estão sendo definidas novas políticas. Seria importante fazer a avaliação para termos parâmetros posteriores de acompanhamento do impacto das políticas de alfabetização que vão ser implementadas — disse.

O presidente da Undime criticou ainda a mudança na avaliação que havia sido anunciada para a educação infantil. Anteriormente, a avaliação do ensino infantil englobaria todas as escolas públicas, sem testes para os alunos, mas com questionários para os profissionais e gestores. Agora, será por amostra e como "estudo-piloto".

— Uma avaliação ampla da educação infantil seria uma grande conquista para as redes municipais de ensino. Reduzir a avaliação a uma pesquisa exploratória, por amostragem, não será positivo para o sistema de ensino. Ainda que uma pesquisa assim seja capaz de mostrar indicadores que permitem diagnóstico geral,  não fornecerá informações suficientes para que os gestores possam conhecer melhor as condições da rede e fazer intervenções pontuais — analisou.