Por G1 RS


Voluntários fazem ações para tirar crianças do trabalho infantil em Pelotas

Voluntários fazem ações para tirar crianças do trabalho infantil em Pelotas

Um grupo de voluntários de Pelotas, no Sul do Rio Grande do Sul, se esforça para tirar das ruas meninos e meninas em situação de vulnerabilidade social. O objetivo da ONG Gestos é dar oportunidades voltadas à educação para crianças encontradas vendendo doces, pedindo esmolas ou ajudando pais com materiais recicláveis.

A maior parte das crianças e adolescentes encontrados pelos educadores está na área central de Pelotas. "O que atrai a rua: você não tem aquele compromisso no dia a dia, não tem aquela rotina, não está na escola, com professor todo dia, não tem pai nem mãe para ficar cobrando algo, então pra eles é muito fácil estar aqui", explica o educador social Douglas dos Santos.

A ONG proporciona aulas de teatro, música, dança e até reforço escolar. Em três anos, a entidade já atendeu 350 famílias em vulnerabilidade social, cujos pais não têm onde deixar os filhos quando vão trabalhar. As crianças chegam no fim da tarde, recebem café e janta.

"Grande parte vêm também, não pela música, pela capoeira, e sim pela janta, para ter o que comer, porque muitos não têm o que comer em casa", relata a educadora social Gisele Matos.

Mas a missão dos voluntários é encorajar os menores a aceitarem ajuda, para ficar longe das drogas e da violência. "É horário de escola, não é horário de estar na rua, pedindo, ou quando não se está na escola, porque estuda de manhã ou à tarde, tentar fazer outro projeto, outra coisa cultural, para aprender cultura, outras coisas, terem outros olhares", diz a psicóloga Taís Costa.

Um adolescente frequentador do projeto, que não foi identificado pela reportagem, elogiou alguns voluntários ao responder o que o agrada no projeto. "Meus pais estão trabalhando e não tem como eles nos cuidarem, então eles nos trazem aqui. E outra, porque eu me apeguei aos professores e eles são muito bons", disse.

A catadora Rita de Cássia afirma que os três filhos dela ficam mais seguros na entidade do que na rua. "Eu saio de casa para trabalhar às 14h30 e volto só às 18h30. É o horário que eles estão aqui. Aqui é muito bom, a educação é muito boa, eles adoram estar aqui, amam estar aqui. O dia que eles não estão aqui, chegam a chorar", relata.

De acordo com a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) Rubia Canabarro, o trabalho infantil ainda acontece, e tem sido combatido por meio de denúncias. Foram 288 no ano passado, até agora já são 108 só em Pelotas. Ao mesmo tempo, mais de 700 investigações estão em andamento.

"O trabalho infantil doméstico pode acontecer não visando lucro. Por exemplo: uma menina de 12 anos que não frequenta a escola para ficar em casa cuidando dos irmãos menores, isso é um tipo de trabalho infantil", diz Rubia.

A procuradora destaca a importância da ajuda da população à rede de proteção, que inclui além do MPT, a Polícia Civil e o Conselho Tutelar. "As pequenas atividades no dia a dia, como lavar a louça, ajudar em casa, fazem parte do crescimento das crianças. Isso faz parte do crescimento da pessoa como cidadão. O trabalho infantil é o que retira deles a possibilidade de crescerem e se desenvolverem de forma sadia", afirma.

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