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'Ensino técnico é o primeiro contato com o mundo do trabalho', diz especialista

Assessora de educação do Itaú BBA, Ana Inoue falou no Educação 360 Jovem Tech sobre as plataformas tecnológicas nos itinerários do novo Ensino Médio
Na definição do novo ensino médio, que passa a ser composto por cinco itinerários formativos específicos, o ensino profissionalizante é uma das opções a que os alunos terão direito; para discutir as plataformas tecnológicas dentro desse itinerário e das expectativas de ampliação do ensino técnico no novo ensino médio, o público conversa com Ana Inoue, assessora de educação do Itaú BBA Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
Na definição do novo ensino médio, que passa a ser composto por cinco itinerários formativos específicos, o ensino profissionalizante é uma das opções a que os alunos terão direito; para discutir as plataformas tecnológicas dentro desse itinerário e das expectativas de ampliação do ensino técnico no novo ensino médio, o público conversa com Ana Inoue, assessora de educação do Itaú BBA Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo

RIO — O ensino médio é a última instância da educação que se propõe a ter vaga para todos os estudantes no país. Por isso, este é o momento de aproximar o jovem do mercado do trabalho, avalia Ana Inoue, assessora de educação do Itaú BBA. Ela participou na manhã desta sexta-feira, dia 15, da mesa “Formação para o trabalho” do Educação 360 Jovem Tech , que também contou com a presença do economista Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e de estudantes.

— Só 17% dos alunos chegam à universidade. Outros 8% fazem curso técnico subsequente após o ensino médio. Para os 75% restantes que se formam, não tem mais política de educação. Nada. Então, é no ensino médio que o estado precisa aproximar o adolescente do mercado de trabalho. Isso é, inclusive, uma tarefa prevista na Constituição — diz Ana Amélia Inoue.

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Já Rafael Lucchesi defendeu uma mudança no método da educação brasileira. Ele afirmou que as escolas do país, mesmo as de elite, focaram o projeto de educação apostando na repetição. O problema é que esse modelo, segundo ele, está ultrapassado.

— É por isso que não avançamos no Pisa (avaliação internacional de ensino básico). Os níveis mais avançados dessa prova exigem sinapses, conexões entre as informações e produção de conhecimento — diz o diretor da CNI, que defende a reforma do ensino médio: — Ao se ajustar ao desejo dos alunos, esse novo modelo vai criar mais equidade, o que aumentará a produtividade dos brasileiros. Um jovem com ensino profissional, um dos possíveis itinerários formativos do novo ensino médio, tem mais chance de empregabilidade.

Ponto de vista dos jovens

Os estudantes também defenderam seus pontos de vista. Alguns pediram apoio para pais e escolas e pediram mais experiências práticas em campo durante a formação escolar. Já a estudante curitibana Ana Clara Cabral Nunes, que faz parte do conselho jovem do site Porvir e estava na plateia do debate, argumentou que é preciso entender a conjuntura para avaliar a mudança no ensino médio. Ela desconfia que o novo modelo pode trazer mais prejuízos.

— A gente não pode discutir a educação pensando apenas em aumentar a produtividade. Essa educação quer fazer da gente mão de obra barata. A gente não pode reproduzir essa educação mercantil — apontou.

Ana Inoue, então, ponderou que o ensino médio brasileiro é como um paciente que está na UTI e precisa de doses fortes de remédios que, apesar de o curarem, poderão causar sequelas que precisarão ser reparadas no futuro.

— A gente precisa de mudanças drásticas. Pode dar errado? Pode. De um lado, pode ter perdas. Mas também pode dar certo. E eu quero apontar o que pode ser bom: aumentar a carga horária é bom. As melhores escolas particulares têm sete horas por dia. Isso faz diferença. Além disso, ninguém defende o ensino técnico sem pensamento crítico. Não é apertar parafuso e bater prego. O ensino técnico tem que ser emancipatório.

O Educação 360 é uma realização dos jornais O GLOBO e Extra com patrocínio de Sesi e Colégio pH, apoio institucional de Instituto Inspirare e apoio de TV Globo, Canal Futura, TechTudo, Revista Galileu, Unesco e Unicef.