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Ensino superior pós-pandemia

Aprendizagem digital e valorização da autonomia dos estudantes são vetores de mudança importante no ensino universitário

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Por Daniela Saragiotto
4 min de leitura

A pandemia do novo coronavírus e o isolamento social têm exigido das sociedades do mundo todo novas formas de organização. Com a educação ocorre o mesmo: de uma hora para outra, crianças e jovens deixaram as salas de aula e passaram a estudar, com diferentes recursos, em suas casas. “Acredito que a educação nunca mais será a mesma”, diz Mozart Neves Ramos, educador e titular da cátedra Sergio Henrique Ferreira, da Universidade de São Paulo (USP). “Os jovens já pediam há muito tempo mudanças no ensino superior, as taxas de abandono são altíssimas e este momento pode ser um catalisador para essa transformação.”

Segundo Mozart, o ensino a distância complementa o contato presencial e pode melhorar a performance dos jovens, que muitas vezes trabalham durante o dia e percorrem longas distâncias até a universidade. O uso de novas tecnologias de aprendizagem é um caminho sem volta no ensino pós-pandemia. “Outro aspecto é a adoção de um projeto de educação que dialogue com a vida dos estudantes, dando a eles mais autonomia e flexibilidade. A pandemia é muito dura, mas ela traz esses aprendizados e devemos aproveitá-los”, avalia o educador.

Foto: Getty Images 

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Diretor acadêmico da Fundação Instituto de Administração (FIA), Maurício Jucá de Queiroz entende que é muito importante que todas as disciplinas da grade dos cursos levem em conta o cenário enfrentado pelos estudantes e valorizem suas vivências. “Imagine esse jovem, que está ingressando no ensino superior e muito provavelmente encontrará crise, um mercado de trabalho complicado. É papel do ensino apoiá-lo e fornecer ferramentas para que ele se fortaleça e enfrente esses obstáculos.” Na FIA, Queiroz explica que a implementação de um modelo híbrido de aulas a distância e presenciais é uma das apostas. “É fundamental o contato presencial, principalmente para aperfeiçoamento das habilidades socioemocionais. Mas não podemos ignorar que o EAD [ensino a distância] é um recurso muito poderoso e isso ficou evidente no isolamento”, afirma.

O ensino a distância complementa o contato presencial e pode melhorar a performance dos jovens, que muitas vezes trabalham durante o dia e percorrem longas distâncias até a universidade

Mozart Neves Ramos, educador e titular da cátedra Sergio Henrique Ferreira, da USP

A vivência dos alunos recém-chegados à faculdade não pode de modo algum ser ignorada. Os desafios se manifestam desde o ensino médio, quando os adolescentes já vivem uma fase marcada por distrações e pela necessidade de construção da autoconfiança. Esta é a avaliação de Sandro Caldeira, palestrante, professor de cursos preparatórios e especialista em didática do ensino superior. “O processo de fortalecimento emocional é diário e envolve o relacionamento com toda a sociedade. Demanda cuidados, porque esses alunos estão passando por isso pouco antes de processos importantes, como o Enem”, explica. Fora isso, Caldeira ressalta que a ruptura nas aulas levou estudantes e docentes a improvisar. Muitos estudantes não têm recursos tecnológicos para assistir às aulas e os professores também enfrentam essa questão, além de não terem sido treinados para a modalidade online, que demanda novas técnicas de ensino. “É um processo estressante para todos”, afirma. “Mesmo alunos que conseguem participar das aulas não contam com orientação pedagógica adequada.”

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Sim, a pandemia é muito dura, mas traz aprendizados, como sublinha em sua fala no início deste texto o educador Mozart Neves Ramos. Em trilha semelhante, José Alves de Freitas Neto, diretor da Comissão de Vestibulares da Unicamp (Comvest), aponta que a pandemia tem mostrado para toda a sociedade a importância das ciências e dos saberes acumulados, e que esse é um dos legados desta época. “Espero que isso inspire jovens a participar cada vez mais dos desafios do futuro”, avalia.

Agenda de vestibular

A propósito dos processos seletivos: boa parte das instituições condiciona os calendários aos desdobramentos da pandemia. No site SuperVestibular, é possível verificar os dados atualizados até o momento de exames de inverno e provas para 2021.

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Inf.: vestibular.mundoeducacaouol.com.br/agenda

 Transformação digital  orienta novidades  na PUC-SP

A partir de agosto, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) inicia uma nova disciplina na graduação em Jornalismo: checagem de fatos. Adotada para que os alunos saibam identificar fake news, a matéria combina tecnologia e comunicação. Trata-se de mais um movimento da instituição dentro de um trabalho amplo de transformação digital. “Muitos dos problemas e soluções do mundo moderno advêm da tecnologia”, diz Pollyana Ferrari, professora-doutora do departamento de Comunicação da PUC-SP e pesquisadora em mídias sociais. “Em uma faculdade com nossa tradição humanista, é fundamental preparar os alunos para que lidem da melhor forma com esses desafios.”

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A universidade aposta no conceito de transmídia, uma disciplina ministrada por Pollyana há três anos. O objetivo é mostrar aos estudantes a importância do uso de diversas plataformas para a transmissão de mensagens. “A maior parte dos nossos projetos laboratoriais são digitais, como podcasts e vídeos”, conta. “Os alunos gostam muito dessa vivência e têm uma afinidade natural com mídias digitais.”

Imagine esse jovem, que está ingressando no ensino superior e muito provavelmente encontrará crise, um mercado de trabalho complicado. É papel do ensino apoiá-lo e fornecer ferramentas para que ele se fortaleça e enfrente esses obstáculos

Maurício Jucá de Queiroz, diretor acadêmico da FIA

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