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Ensino paulistano

Ao menos nos fundamentos do aprendizado, houve avanço na cidade

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Alunos durante aula em escola de ensino fundamental na zona leste paulista
Alunos durante aula em escola de ensino fundamental na zona leste paulista - Lalo de Almeida/Folhapress

Consertar tudo que funciona mal no ensino público constitui tarefa trabalhosa e demorada, sabe-se bem. São muitas as frentes de combate, e lograr avanços simultâneos em todas elas representa talvez o maior desafio, como o prova o caso do ensino fundamental na cidade de São Paulo.

No front da alfabetização, a rede municipal de educação obteve conquista apreciável: 92% dos alunos sabiam ler e escrever ao término do segundo ano, ante não mais de 77% em 2017. Com isso, a prefeitura estipulou a meta de 85% de alfabetização no primeiro ano, quando as crianças em geral têm seis anos.

Uma ousadia, quando se tem em vista que até recentemente a diretriz nacional se limitava a preconizar leitura e escrita até o final do terceiro ano. Só em 2018, com a Base Nacional Comum Curricular, esse objetivo foi antecipado para o segundo ano, algo que a rede paulistana já havia adotado com um ano de antecedência.

Fica assim comprovado, na experiência de São Paulo, que metas ambiciosas nada têm de incompatível com progresso de aprendizado —ao contrário. Em particular no campo da alfabetização, base de tudo que virá a seguir, um nível alto de exigência dará motivação extra para educadores e estudantes se aplicarem mais.

Conforme se avança no ensino fundamental, contudo, os descaminhos e a leniência do passado se fazem manifestar nos parcos resultados obtidos por estudantes em provas padronizadas. Nos dois pontos cruciais, ao término do ensino fundamental 1 e do 2, a maioria dos alunos paulistanos fica abaixo do nível adequado.

A deficiência se manifesta em todas as grandes áreas de conhecimento. Quando concluem o quinto ano, final da fase 1 do fundamental, só 39% das meninas e dos meninos alcançam desempenho satisfatório em língua portuguesa. Pior, são apenas 27% em matemática e 20% em ciências.

A perda se agrava na fase seguinte. Quando saem do fundamental 2, no nono ano, apenas 25% dos estudantes está no nível adequado de língua. E há inaceitáveis 10% e 9% nessa faixa de desempenho, respectivamente, nas áreas de matemática e ciências naturais, o que torna fácil de entender o desastre que hoje se observa no ensino médio.

Não deixa de ser animador constatar que ao menos nos fundamentos do aprendizado —a alfabetização— houve avanço em São Paulo. Mas a cidade mais populosa e rica do país ainda precisa fazer mais e melhor por suas crianças e jovens.

editoriais@grupofolha.com.br

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