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Ensino melhor, por um país melhor

Com o estímulo à formação de professores da rede pública, Fiesp quer preparar alunos mais aptos para o mercado de trabalho e, assim, melhorar a produtividade

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Por Notas & Informações
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A adesão, em menos de dez dias, de cerca de metade dos 645 municípios paulistas ao programa emergencial de formação de professores da rede pública lançado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) comprova pelo menos duas coisas. A primeira é a percepção, pelos gestores municipais, da urgente necessidade de melhorar a atuação dos docentes. A segunda é o acerto da iniciativa da Fiesp, destinada a criar condições, desde o ensino fundamental, para a melhoria da qualidade da mão de obra com o objetivo de assegurar maior produtividade da economia brasileira.

Só com a maior eficiência do sistema produtivo, que começa a ser conquistada por meio da educação de melhor qualidade do trabalhador, o Brasil poderá paulatinamente recuperar espaço que perdeu nos últimos anos no cenário mundial por não conseguir competir com seus principais concorrentes.

Há anos entidades do setor industrial vêm dizendo que a produtividade do trabalho é essencial para a recuperação da competitividade que se perde há anos. Trabalhadores com escolaridade elevada e com formação contínua não apenas apresentam desempenho melhor do que outros com formação deficiente. Estão também mais aptos a propor soluções para problemas do dia a dia, entender e aplicar processos mais complexos e até desenvolver e implementar inovações.

A melhoria da formação pedagógica de professores dos ensinos fundamental, médio e profissional é objetivo também de diferentes atividades do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Como no caso da Fiesp, as iniciativas do Sebrae têm como meta a preparação dos jovens para os desafios da vida social e profissional.

Foi com a adequada preparação educacional dos jovens que, não faz muito tempo, países de rápido crescimento, sobretudo asiáticos, alcançaram as posições de destaque que hoje ocupam na economia mundial. O Brasil não conseguiu acompanhá-los. Parte dos dirigentes do segmento industrial, porém, atribuía o atraso do Brasil a problemas estruturais, como infraestrutura precária, sistema tributário complexo e governo intervencionista, entre outros. São problemas reais e persistentes, que afetam o desempenho de todo o setor produtivo e, por isso, precisam ser enfrentados.

Mas há outros caminhos para melhorar o ambiente econômico, e que não estavam sendo buscados. A Fiesp resolveu trilhar um deles, o de melhorar a preparação do brasileiro desde o início de sua vida escolar, para que, quando inserido no mercado de trabalho, possa ter desempenho superior ao das gerações anteriores e, assim, elevar a produtividade. As rápidas transformações por que passam os processos industriais no mundo tornam mais urgente a preparação adequada da mão de obra.

Apoios como o oferecido aos professores pela Fiesp são importantes e necessários. Pesquisa recente do Sebrae constatou, por exemplo, que mais de um terço dos docentes do ensino médio tem pouco conhecimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que define o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver na educação básica. O empreendedorismo é parte dessas aprendizagens. E, por isso, o Sebrae oferece aos professores diferentes cursos sobre o tema.

“Não há indústria forte sem educação forte”, disse ao Estadão o coordenador do programa da Fiesp e diretor do Serviço Social da Indústria (Sesi) em São Paulo, Wilson Risolia, resumindo o fundamento e o objetivo da iniciativa.

Soluções educacionais testadas pelo Sesi estão sendo utilizadas para treinar professores da rede pública, divididos em duas frentes, uma voltada para os cinco primeiros anos do ensino fundamental e outra destinada às quatro últimas séries. São atividades de reforço focadas no aumento da proficiência dos alunos em língua portuguesa e matemática.

A despeito do abandono, pelo atual governo federal, das principais iniciativas destinadas a melhorar o ensino, há pessoas e instituições preocupadas com o tema. Suas iniciativas provam que há soluções para o País.