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Ensino médio urgente

Com resultados da consulta pública, MEC precisa dar continuidade ao novo modelo

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Alunos do ensino médio na Escola Estadual Padre Saboia de Medeiros, em São Paulo (SP) - Bruno Santos/Folhapress

A reforma do ensino médio foi sancionada em 2017 e, quatro anos depois, definiu-se o cronograma de implementação que previa a conclusão em 2024. No entanto, devido a críticas de professores, alunos e gestores, o Ministério da Educação suspendeu a continuidade do programa em abril deste ano.

Abriu-se consulta pública, que se encerra nesta quinta-feira (6). Na segunda (3), o Conselho Nacional dos Secretários de Educação entregou sugestões ao MEC. No geral, os gestores apoiam o novo modelo, o que é bem-vindo, e as proposições obedecem ao bom senso.

A principal alteração seria na grade curricular. Antes da reforma, os três anos do ensino médio tinham 2.400 horas de disciplinas tradicionais obrigatórias, como matemática e português, para todos os alunos.

No novo modelo, são 3.000 horas, sendo 1.800 para as tradicionais e 1.200 para os chamados itinerários formativos, com matérias de escolha dos estudantes.

O Consed pede que 300 horas dos itinerários sejam flexíveis e possam ser usadas, a partir das necessidades de cada estado, para incremento das disciplinas obrigatórias.

Os itinerários foram o principal alvo das críticas que levaram à suspensão do programa. A inovação, afirmam especialistas, é necessária para enfrentar o flagelo da evasão escolar —ao direcionar o ensino para a vida profissional a partir de interesses dos alunos. A teoria, porém, esbarrou na prática.

As redes de ensino ainda não contam com estrutura (salas, laboratórios, equipamentos) nem professores suficientes, com formação específica, para uma extensão curricular ampla e de qualidade.

Ademais, o aumento da carga horária não considerou a situação de estudantes que precisam trabalhar, o que pode contribuir para a evasão —um dos problemas que o novo modelo pretende combater.

Os secretários também sugerem uma base comum de itinerários formativos, para orientar a oferta de disciplinas optativas.

O objetivo é mitigar desigualdades. Ao diminuir o escopo das disciplinas obrigatórias, sem haver estrutura para as optativas, alunos da rede pública e de regiões mais carentes podem ser prejudicados.

Muito já foi investido na reforma e, como os próprios gestores estaduais afirmam, não faz sentido jogar esse trabalho fora.

Com sugestões da consulta pública e estudos baseados em evidências, é possível aparar arestas para a implantação consistente do modelo, pelo bem dos 7,9 milhões de jovens que atualmente cursam o ensino médio no país. Isso precisa ser feito com urgência.

editoriais@grupofolha.com.br

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