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Ensino integral: Dá para envolver todos os alunos na modalidade em 10 anos?

O Ministério da Educação lançou na última segunda-feira (31) programa que institui um plano nacional de ampliação da escola em tempo integral, com objetivo de atingir 1 milhão de estudantes em 2023. Durante o programa Análise da Notícia, o diretor executivo do Todos Pela Educação, Olavo Nogueira Filho, afirmou que é possível colocar todos os estudantes brasileiros com idade entre 4 e 17 anos em escola integral em um prazo de até 10 anos.

Com muita prioridade política e apoio do governo federal, em torno de 8 a 10 anos é o prazo para colocar todos os estudantes em escola integral. Conseguiríamos praticamente resolver essa dívida histórica que temos com nossa população e, principalmente, crianças e jovens das regiões periféricas, zonas rurais e crianças negras. A importância da escola integral é uma educação de melhor qualidade e também reduzir as desigualdades.
Olavo Nogueira Filho

Brasil priorizou escola regular para diminuir número de crianças e adolescentes sem aulas. A história do Brasil no desenvolvimento da educação básica é vergonhosa e no ano de 1970, por exemplo, 52% da população com idade entre 4 e 17 anos estava fora das escolas. A Constituição de 1988, pela primeira vez, colocou a educação como um direito de todos e na década de 1990, para resolver o problema de acesso de uma forma acelerada, foi criada a escola de tempo regular com uma carga horária que variava entre 4h e 5h.

Países mais desenvolvidos só possuem escolas integrais. A escola em tempo integral tem uma carga horária mínima de 7h e é o sistema adotado e utilizado por países mais desenvolvidos. O Brasil estava atrás desses países na oferta de acesso à educação e a solução adotada para resolver o problema foi a escola de tempo regular. Enquanto o Brasil lutava para colocar jovens nas escolas há 30 anos, outros países se movimentavam para expandir a carga horária.

Conceito de educação integral é avanço no programa do Ministério da Educação. Hoje, o Brasil possui mais de 40 milhões de estudantes na educação básica, e o programa pretende atingir um milhão de estudantes até o final do ano. Apesar da enorme distância para abranger o todo, o programa traz o conceito de educação integral que visa viabilizar um novo projeto pedagógico em que exista um currículo integrado ao longo do tempo. A escola integral iria ofertar mudanças no processo pedagógico, aulas eletivas e um olhar mais amplo para a ideia de educação com aulas de preparação para o mercado de trabalho e aulas de projeto de vida, por exemplo. "É um currículo mais abrangente e complementa a experiência tradicional acadêmica com outros elementos", afirmou Nogueira Filho.

Impactos positivos que diminuem desigualdades. No Brasil, em Pernambuco, cerca de 60% dos alunos matriculados no ensino médio frequentam a escola integral. O projeto começou há cerca de 15 anos no estado e os resultados mostram que esses alunos acessam o ensino superior com mais facilidade e têm um impacto positivo em seu salário na área profissional. Alunos brancos e alunos negros que saem da escola integral não têm diferença nos salários quando entram no mercado de trabalho, enquanto alunos egressos da escola regular ainda enfrentam essa diferenciação pela cor de pele.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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