Por G1 Petrolina*


Professor de redação explica como esscrever sobre o cyberbullying

Professor de redação explica como esscrever sobre o cyberbullying

Na reta final para o Enem, o G1 Petrolina e Região, com o auxílio do professor Diego Alcântara, selecionou cinco possíveis temas para a redação deste ano. A seleção foi feita com base em uma lista divulgada no G1 com 14 apostas de professores para a redação 2017. Entre os assuntos, está o cyberbullying.

A jornalista e escritora do livro “A menina dos olhos de canoa”, Calincka Crateús é moradora do município de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e ano passado foi alvo de cyberbullying, um crime previsto na Constituição Federal. Calincka teve a imagem e o nome expostos em um grupo de mensagens instantâneas feito por ex-colegas de escola. Nele, os participantes faziam piadas sobre ela. Ao tomar ciência sobre a situação, ela buscou orientação com advogados e passou a falar publicamente sobre a temática. No vídeo acima, o professor Diego Alcântara mostra como você pode trabalhar esse assunto em sua redação.

A jornalista Calincka Crateús foi vítima de cyberbullying — Foto: Calincka Crateús / Arquivo pessoal

Os ataques feitos no cyberbullying atingem, principalmente, características pessoais da vítima, com a finalidade de manchar a sua imagem de forma pública. “A internet é um meio de informações, mas as pessoas acabam por transferir o preconceito de alguma forma. Elas utilizam para humilhar e intimidar pessoas, crianças e adolescentes”, declarou a jornalista.

Crime previsto na Lei nº 13.185 de 2015

Em 2015, foi sancionada a Lei nº 13.185 que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática. Nele “considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”. A legislação ainda refere-se que trata-se de cyberbullying quando esta intimidação acontece na rede mundial de computadores.

“Eu só consegui enquadrar o crime em cyberbullying por causa da lei de 2015. Se não existisse a lei, isso ficaria enquadrado apenas ao crime de injúria e poderia trazer apenas à retratação dos agressores, como um pedido de desculpas publicamente ou retratação na frente do juiz, por exemplo”, afirmou a jornalista.

Cyberbullying deve ser combatido — Foto: Reprodução/TVFronteira

Para fazer cumprir a lei, Calincka buscou colher provas. “A apresentação de provas é muito importante para o cyberbullying. Quando você tem as provas é muito mais fácil chegar em uma delegacia mais próxima, não precisa ser especializada em cibercrimes. Na delegacia podem te orientar e te dizer onde é que este crime vai entrar. Geralmente o cyberbullying está ligado à difamação, injúria e falsa identidade, que é quando as pessoas fazem perfis nas redes sociais para atacar outras pessoas. O que eu colhi de provas foram as pessoas que estavam praticando cyberbullying de Whatsapp. Colhi prints de difamação e injúrias, desrespeitando minha família, minhas características e minha cultura”, disse.

O poder de esconder a identidade

A maioria das pessoas que praticam o cyberbullying confia-se no anonimato. É na rede mundial de computadores que estas pessoas assumem várias identidades. “Você pode criar um perfil fake e utilizá-lo para difamar, ofender e humilhar alguém e isso é tão perigoso porque acaba confundindo a vítima, colocando na mente delas que elas não conseguem condenar os agressores, mas aí é que entra a delegacia que tem o papel de investigar, por exemplo pelo IP do computador utilizado. Há como chegar a estas pessoas que utilizam, elas não estão seguras. Por mais que elas achem que podem ofender, elas não estão seguras”, contou Calincka.

Silenciamento da vítima

Todos os ataques sofridos por Calincka acabaram por provocar alguns transtornos que ela percebeu ser comum em vítimas deste tipo de crime. “Crianças e adolescentes que não têm conhecimento, acabam sendo silenciados e isso é muito perigoso, pois eles apenas seguram e guardam e acabam adoecendo ou rebatem. E quando pode rebater? Além de guardar e sofrer, quando ele parte para rebater, vem a ter danos tanto no patrimônio escolar, caso seja na escola, ou atentar contra a própria vida, ou ferir os agressores. Quando uma criança ou um adolescente está diante da omissão de educadores ou pais, podem ter transtornos como depressão, anorexia e bulimia e pode também tentar contra a própria vida”, relatou a jornalista.

* Colaboração: Amanda Franco, Amanda Lima, Beatriz Braga e Emerson Rocha

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