Um texto é uma situação comunicativa que envolve um emissor e um receptor. Em sua construção, articulam-se palavras, imagens, sons etc., ou seja, um texto não precisa ser escrito. Uma fotografia, por exemplo, que estabeleça relação de sentido é um texto.
Para a prova de Linguagens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o candidato não pode se esquecer de que a palavra texto vem do latim e significa tecer, construir. Nesse caso, um texto é a tessitura de um sentido, é o entrelaçamento de significados a partir de palavras ou de outros códigos. Por isso, é preciso entender que existem:
- os textos verbais, que se utilizam das palavras;
- e os textos não verbais, que se utilizam de outros recursos, como imagens.
Quem já refez as provas anteriores do Enem deve estar se lembrando de questões que misturam a linguagem verbal e a não verbal: são os textos mistos. O exame sempre cobra questões assim, como no exemplo abaixo:
Viu? O próprio enunciado da questão faz referência à combinação entre o verbal e o não verbal. Compreender essa relação é fundamental para assimilar o sentido do texto. Na propaganda em evidência, pode-se ler “se a informação não chega, a opinião não sai.”. Vamos analisar:
- A frase, linguagem verbal escrita dentro da cabeça, reforça o sentido de que a imprensa informa, coloca conteúdo dentro dessa cabeça.
- Em seguida, deve-se observar a contração facial, a boca que se mexe para expressar a opinião construída a partir das informações recebidas.
- Ou seja, entre informação e opinião, sugere-se, nesse caso, uma relação de causa e consequência. Primeiramente, adquire-se a informação para, em seguida, produzir-se a opinião.
- Outra relação possível é de finalidade, em que é preciso ter acesso à informação para que o cidadão forme sua opinião, o que faz a alternativa E ser a verdadeira.
Preste atenção também ao fato de o comando pedir uma inferência por meio da construção “depreende-se”. Fazer uma inferência é chegar a uma afirmação que o texto, mesmo sem dizer, permite concluir. Cuidado! Não confunda com implícito. A inferência não está no texto, nem de forma implícita. Ela é, apenas, uma conclusão possível.
Um exemplo prático para entender o que é inferência: se você for conversar com um amigo e sua voz estiver rouca, ele poderá inferir que você tomou algo gelado. Ou, caso seja um torcedor fanático, o amigo poderá pensar que você gritou muito ao ver o seu time ganhar o clássico no último domingo. É claro que, nesses casos, a inferência do amigo poderá estar errada.
Sobre a questão acima, inferimos uma relação de causa-consequência, além de uma possibilidade de finalidade. Encontramos a última possibilidade em uma das alternativas. As outras alternativas eram absurdas e, portanto, não se configuraram como conclusões possíveis.
Sobre inferência, fique esperto com aqueles comandos em que aparecem construções como “infere-se”, “conclui-se”, “depreende-se”, “deduz-se”. Nesses casos, a resposta não fará referência ao que está no texto, mas você deverá marcar o que o texto permite deduzir.
Dê uma olhada na próxima questão:
Está aí outra questão que pede uma inferência ao candidato. A alternativa correta é a primeira, que revela o que, provavelmente, o autor quisesse levar a concluir a partir dos dados, das constatações numéricas.
Note também que as questões do Enem apresentam os itens de forma paralelística, em que cada alternativa completa sintaticamente a última frase do comando da questão. Assim, é comum que todas as possibilidades comecem com a mesma classe gramatical. Na questão acima, por exemplo, as alternativas iniciam-se todas por verbo. Então, preste atenção nisso! Essa compreensão ajuda muito em diversas questões.
Notou? No texto da questão, qual era objetivo do autor ao se apresentarem números, dados? Ele queria demonstrar, é claro! Ele não queria defender, comparar, criticar ou distorcer.
Talvez, o candidato pudesse pensar na possibilidade de ser a alternativa B. Porém, só seria possível pensar na ideia de defesa se o texto apresentasse algum recurso, como verbos no imperativo ou marcas de diálogo com o leitor. Não há como concluir de outro jeito; a construção do texto é apenas expositiva, demonstrativa.
Houve também aqueles que pensaram que pudesse ser a letra C. É claro que a frase “Lugar de mulher também é na oficina.” intertextualiza-se com “Lugar de mulher é na cozinha.”. Mas, cuidado! Uma intertextualidade não é uma “comparação”, como quer a alternativa. Além do mais, o uso dessa intertextualidade foi apenas um recurso estilístico que reforça a demonstração de que a situação das mulheres mudou na sociedade contemporânea.
E, por falar em intertextualidade, o slogan “Lugar de mulher também é na oficina.” é uma paródia, pois subverte, desconstrói, a ideia presente na preconceituosa frase que serviu de base.
Por Adriano Alves, professor de Língua Portuguesa e Redação do Colégio Átrio. Situado em Goiânia (GO) - na Rua T-53, n˚ 1.336, no Setor Bueno – a escola tem capacidade para atender 580 alunos da 1ª à 3ª série do Ensino Médio. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (62) 3285-7473 ou acesse o site colegioatrio.com.