Enem e Vestibular
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Por Renata Mariz


Itens de edições passadas do Enem poderão ser usados no próximo exame Agência O Globo — Foto:
Itens de edições passadas do Enem poderão ser usados no próximo exame Agência O Globo — Foto:

BRASÍLIA — A minuta do edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano prevê que questões usadas em edições passadas da prova poderão ser reaproveitadas no teste em 2022. A reciclagem ocorre porque o governo deixou de abastacer por dois anos o Banco Nacional de Itens (BNI), que guarda as questões prontas para serem utilizadas. Agora, está sem itens novos para montar a prova que será aplicada em oito meses.

O GLOBO teve acesso à minuta do edital do Enem. O item 16.10 diz que: "A edição 2022 do Enem poderá utilizar itens inéditos e itens já utilizados em edições anteriores". O documento ainda passa por análise jurídica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação do Enem. Somente depois disso, a presidência do órgão aprovará a versão final do edital.

No último dia 23, em documento interno intitulado "nota informativa conjunta", dois diretores e dois coordenadores do Inep afirmaram que o banco de itens está exaurido, elencando duas razões principais: "Infelizmente, a não realização de pré-testes em quantidades adequadas em anos anteriores e a utilização elevada de itens pré-testados para a montagem de 3 provas diferentes em 2020 (regular – digital e PPL) exauriu o BNI".

Todos os anos, há duas provas de Enem — a regular e a voltada para pessoas privadas de liberdade, cuja sigla é PPL — que são aplicadas em dias diferentes. Em 2020, foi feita também uma terceira versão da prova, em meio digital, o que teria consumido ainda mais o BNI, segundo o documento.

Além disso, os gestores do Inep apontam que "o pré-teste de novos itens foi inviabilizado em 2020 e 2021" em razão da pandemia. O pré-teste ocorre quando se aplica as questões elaboradas por professores, dentro do ambiente seguro do Inep, em caráter sigiloso, a uma população semelhante à que fará o Enem.

Com base nos pré-testes é que se faz a chamada "calibragem" dos itens, estipulando o nível de dificuldade deles, qual será o peso de cada um na prova, entre outros parâmetros metodológicos. Dessa forma, é possível usar a Teoria de Resposta ao Item (TRI), que permite que provas de edições diferentes sejam comparáveis.

O documento interno do Inep revela a penúria do Banco Nacional de Itens. Há 225 "itens pré-testados adequados", considerando as quatro áreas (Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Matemática). Para fazer as duas versões (regular e PPL) do Enem 2022 seriam necessários 360 itens (180 para cada uma).

A área de Linguagens, segundo a tabela do documento, tem apenas 43 itens pré-testados adequados. Somente uma versão do Enem usa 45 questões.

A sugestão para se reaproveitar questões de edições passadas foi reforçada ainda pelo argumento de que a partir de 2024 o exame seguirá a matriz do novo ensino médio e que não valeria os custos e esforços da equipe para pré-testar itens, dentro do formato atual, apenas para serem utilizados nos anos de 2022 e 2023. Segundo o documento, há 4.680 itens usados desde o Enem 2009 que podem ser reaproveitados.

"Considerando a possibilidade de reutilizar 4.680 itens, que foram aplicados para milhões de candidatos nas edições realizadas no ENEM, não haverá a necessidade de executar novos pré-testes para viabilizar as edições 2022 e 2023. Assim, os esforços de novos pré-testes para viabilizar duas edições com uma matriz já vencida, poderão ser canalizados para o desenvolvimento e a viabilidade do novo ENEM, que apresenta alto grau de complexidade, considerando a nova BNCC".

O documento é assinado por Michele Melo, diretora de Avaliação da Educação Básica; Jôfran Lima Roseno, diretor de Gestão e Planejamento; Robério Alvez Teixeira, coordenador-geral de Instrumentos e Medidas; e Ricardo Freitas da Silva, coordenador-geral de Desenvolvimento da Aplicação.

Servidores de carreira com experiência no Enem ouvidos pelo GLOBO afirmaram que repetir itens de edições passadas é um erro "brutal" e "coisa de amadores". Primeiro porque levará os alunos dos próximos dois exames a estudarem com base nas provas antigas, sem de fato se aprofundarem nos conteúdos do ensino médio.

Em segundo lugar, segundo servidores do quadro técnico,os participantes lidarão, em questões de ciências humanas, por exemplo, com contextos desatualizados. Deixarão de trabalhar temas como a guerra da Ucrânia ou Covid-19, entre outros temas.

O Inep foi procurado, mas não respondeu até a publicação deste texto.

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