Como todos os anos, o show dos atrasados mobiliza uma plateia animada formada por pais e amigos de candidatos que ficam do lado de fora esperando o fim da prova e, quando os portões começam a fechar ajudam os estudantes que perderam a hora a correr para entrar no último minuto, com palavras de incentivo e aplausos. Às vezes, não dá certo. No Rio de Janeiro, a professora Andréa Umbelino, de 52 anos, foi a primeira atrasada do Enem na Universidade Veiga de Almeida da Tijuca. Ela ia prestar a prova para tentar uma vaga no curso de Letras - Libras. Andréa mora na Ilha do Governador com o filho, que foi direcionado para uma escola na Penha e conseguiu chegar.
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— Ele me mandou mensagem avisando que chegou e eu já fiquei mais tranquila. A prioridade era ele, já que eu já tinha a minha faculdade — conta ela. — Eu fiquei um pouco frustrada, mas não tanto. Meu filho que insistiu para que eu fizesse a prova e o importante foi ele ter conseguido chegar a tempo.
No mesmo local, outros dois candidatos tiveram mais sorte e cruzaram os portões com os braços para os altos como se tivessem vencido uma corrida e foram bastante festejados por quem estava do lado de fora.
"’Tinham muitas árvores caídas no caminho’, lamenta atrasado em SP
Na UNIP da Chácara Santo Antônio um único atrasado chegou as 13h02 para realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Pedro Amaral, de 19 anos, mora na região de Água Funda, no Jabaquara e chegou ao local de prova de carro de aplicativo. Tentou pedir para entrar aos fiscais do Inep , mas sem sucesso. O sonho do rapaz é estudar moda.
— Onde moro havia picos de energia, não consegui acessar (o site todo)pra ver o local de prova. Fui ao local errado. Até chegar aqui não deu tempo — lamenta. — Sai de casa pouco depois das 11h, dava tempo, mas tinha muitas árvores caídas e mudamos o caminho.
O motorista de aplicativo que levou o rapaz não quis se identificar, mas confirmou que o caminho foi muito difícil até o local de prova. Confessa que pisou no acelerador e até tentou ultrapassar semáforos para conseguir deixar o rapaz na universidade, mas sem sucesso.
Até diferença no fuso horário confundiu os candidatos de "primeira viagem" em Manaus (AM), cujo fechamento dos portoes ocorreram ao meio-dia.
— Moro próximo do local de prova, então vim tranquilo, achando que estava chegando com uma hora de antecedência — afirmou o estudante Eliaquim Souza e Silva, 20, que concluiu o Ensino Médio este ano em uma escola estadual.
Apesar do contratempo, ele afirma que vai continuar tentando e que pretende fazer o curso de Direito:
— Estou decepcionado porque vinha me preparando para isso.
A primeira vez no Enem também foi adiada para a estudante Ana Jacó, 16, que está no primeiro ano do Ensino Médio do Colegio Militar de Manaus e se inscreveu como "treineira". O motivo: também o fuso horário.
Em Brasília, uma mulher chamou a atenção ao correr para entrar no Centro Universitário de Brasília (Ceub) segundos antes de o portão fechar. O local é o que reúne o maior número de candidatos na capital do país.