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Empatia é indispensável ao abordar direitos humanos no Enem

Liberdade de expressão não pode ser confundida com uma autorização para desrespeitar a civilidade e o outro
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A sociedade está aprendendo a conviver com as diferenças de uma forma gradual Foto: Fotolia
A sociedade está aprendendo a conviver com as diferenças de uma forma gradual Foto: Fotolia

O assunto direitos humanos está na ordem do dia no Brasil e no resto do mundo. Das ruas ao Congresso, das páginas dos jornais até à hora do cafezinho. Especialmente por conta de uma sociedade que exige cada vez mais liberdade, igualdade e dignidade para todos, sem distinção. Não é à toa que o tema surge com frequência no Enem. Mas a abordagem dele em uma redação requer que o candidato se coloque no lugar do outro, alertam os especialistas.

Para o sociólogo Josemar Araújo, discutir direitos humanos torna-se fundamental porque ainda convivemos com a negação deles em diferentes pontos do planeta.

– A sociedade está aprendendo a conviver com as diferenças de uma forma gradual. A discussão dos direitos humanos se faz importante pelas reações de grupos e setores que insistem em repetir, no presente, um passado de opressão e desigualdade. O intuito é continuar oprimindo no futuro – analisa Josemar, que é advogado e professor de Direitos Humanos da Universidade Veiga de Almeida (UVA).

Para o jurista e educador, é fundamental que todos os segmentos da sociedade, incluindo empresas e grandes marcas, se manifestem em prol da diversidade, mas de maneira verdadeira:

– Mais importante do que se manifestar sobre a diversidade é praticá-la. Muitas empresas têm um discurso em favor da diversidade, mas os meios pelos quais se comunicam escondem os negros, objetificam mulheres e tornam invisíveis pessoas com deficiência, por exemplo. Então, esse discurso soa falso e o efeito acaba sendo contrário.

Como esse assunto é sempre relevante no conteúdo das provas do Enem, Josemar deixa um recado para quem ainda teima em não respeitar às diferenças:

– Dificilmente o aluno radical e conservador irá se dar bem em uma redação do Enem. Para falar sobre diversidade é preciso saber vivê-la minimamente. Caso contrário, o discurso torna-se um apanhado de frases bem articuladas, mas sem veracidade. O examinador do Enem é bem atento a isso – garante o professor.

Milena Eich: Há pessoas que confundem ‘liberdade de expressão’ com o ‘posso falar tudo que eu quiser’
Foto: Divulgação
Milena Eich: Há pessoas que confundem ‘liberdade de expressão’ com o ‘posso falar tudo que eu quiser’ Foto: Divulgação

Para Milena Eich, consultora de Redação do programa ‘Hora do Enem’, da TV Escola, há pessoas que confundem ‘liberdade de expressão’ com o ‘posso falar tudo que eu quiser’.

– Há limites da liberdade de expressão. Não se pode fazer apologia ao crime, por exemplo. Os critérios de correção do Enem levam isso em conta. Se o candidato se vale da necessidade de apresentar proposta de intervenção para bradar impropérios contra os direitos humanos, fazendo apologia a crimes previstos na nossa legislação, nada mais justo do que ele ser penalizado por isso.

De acordo com Milena, o ódio e o preconceito ainda latentes no país são alimentados por líderes conservadores, que estrategicamente se aproveitam do vácuo institucional para ganhar espaço político.

– Muito dessa raiva latente vem da descrença nas instituições com as quais deveríamos contar, como o Executivo, Legislativo e Judiciário. Esse ódio funciona, então, como um "fermento" para discursos de exclusão e discriminação – conclui.