Por G1 Campinas e região*


O ministro da Educação, José Mendonça Bezerra Filho — Foto: Reprodução / EPTV

O ministro da Educação, José Mendonça Bezerra Filho, disse nesta quinta-feira (11) que o suposto uso de diploma falso pelo professor Wemerson da Silva Nogueira em um processo seletivo de designação temporária no Espírito Santo deve ser apurado pelo estado. Na segunda-feira, o docente foi nomeado embaixador da educação pelo Ministério e eleito Capixaba do Ano.

"Na verdade a investigação não é do MEC, o vínculo do professor é com a rede de Educação do estado do Espírito Santo e cabe à própria rede, que gera a primeira vinculação de trabalho com o professor, identificar se porventura há alguma irregularidade", falou o ministro durante entrevista à repórter Lícia Mangiavacchi, da EPTV, afiliada da TV Globo. Ele esteve em Campinas (SP), nesta tarde, onde visitou o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).

A nomeação de Nogueira foi feita pelo próprio ministro da Educação durante a 10ª edição do Prêmio Professores do Brasil (que visa valorizar boas práticas), realizada no Instituto Singularidades, em São Paulo. Bezerra Filho também frisou que o MEC apoia as investigações sobre o caso.

"O MEC atuará em apoio ao estado do Espírito Santo para que a gente possa ir à sua vinculação com a rede local, identificar se por ventura há ilegalidade. Evidente que o MEC jamais vai acobertar qualquer que seja a atitude que não respeite a legislação, que precisa ser respeitada do ponto de vista de contratação de profissionais na área da educação", destacou o ministro.

Wemerson da Silva Nogueira, do ES, foi o Educador Nota 10 de 2016 — Foto: Eduardo Henrique/ G1

O que diz o professor?

Investigado pela Secretaria da Educação no Espírito Santo (Sedu), o professor alegou em entrevista para a Gazeta Online ter feito curso de licenciatura em química e conquistado o diploma em um polo da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) localizado em Pancas, no Espírito Santo.

“Posso afirmar e garantir com toda certeza: Eu estudei, estive presente na faculdade para realizar minhas provas, fiz todo o processo corretamente para ingresso, assinei meu contrato de prestação de serviço e tenho como provar isso. Frequentei a faculdade. Tenho certeza que, assim como muitos, posso ter sido vítima por ter acreditado na existência e regularidade deste polo a distância.”

A Unimes já instaurou um processo administrativo e explica que havia um grupo de falsários que atuavam no estado em nome da universidade, e que agora teria migrado para o nordeste.

Universidade

Ao G1, o advogado da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), Ricardo Ponzetto, disse que o diploma apresentado pelo professor Wemerson da Silva Nogueira é “grosseiramente falso”.

Segundo o advogado da instituição, a universidade foi consultada pela Sedu em 2016 sobre o diploma do docente. “Imediatamente com a consulta da Sedu, respondemos em ofício que de que ele era falso. Grosseiramente falso, até mesmo a assinatura da reitora”, afirmou.

Além do caso de Nogueira, o advogado disse que a Sedu já havia consultado a Unimes por conta de outros diplomas falsos, em 2015. “Imediatamente a gente requereu a instauração de um inquérito.”

Diplomas falsos

Pelo menos 100 professores do estado foram processados por apresentarem diplomas falsos na rede estadual de ensino, segundo a Corregedoria da Sedu. Em 2015 e 2016, foram abertos 125 procedimentos e 11 professores foram demitidos por causa de falsificação.

Ainda de acordo a corregedoria, as fraudes têm padrões e houve um caso onde todos os documentos apresentados, desde a graduação até o mestrado, eram falsos.

Formação

No Currículo Lattes, o professor informa que é “formado em licenciatura plena em química pela Universidade Metropolitana de Santos (Polo de Mucurici - ES), especialista em química pela Faculdade de Nanuque ­- FANAN em 2015”. Além disso, ele diz atuar “como professor de química para o ensino médio na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Antonio dos Santos Neves.

Nogueira ganhou o prêmio Sedu Boas Práticas pela inovação em sala de aula, em 2014. Além disso, foi o único brasileiro a concorrer ao Global Teacher Prize, considerado o Prêmio Nobel da Educação. O docente já recebeu o Prêmio Educador Nota 10, entregue aos melhores professores do Brasil.

* Com informações do G1 ES

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