Política

Em vitória do governo, dois senadores retiram as assinaturas para instalar CPI do MEC

Com os recuos, pedido que tem à frente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) reúne agora 25 apoios, número inferior ao mínimo necessário
Senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) Foto: Marcos Oliveira / Marcos Oliveira/Agência Senado
Senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) Foto: Marcos Oliveira / Marcos Oliveira/Agência Senado

BRASÍLIA - O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) anunciou neste sábado a retirada de sua assinatura do pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar suspeitas de irregularidades no Ministério da Educação (MEC). O anúncio representa uma vitória para o governo Bolsonaro, que montou uma força-tarefa para barrar a abertura do colegiado . Após este primeiro recuo, outro parlamentar desistiu de endossar a apuração: de acordo com a GloboNews, o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) também retirou o apoio.

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Nesta sexta-feira, o autor do pedido, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), havia anunciado que conseguira reunir as 27 assinaturas necessárias para instalar a comissão . Uma delas era a do senador Oriovisto, que voltou atrás e disse em suas redes sociais que "uma CPI tão próxima das eleições acabará em palanque eleitoral".

"Resolvi retirar a minha assinatura da CPI do MEC. Continuo acreditando que existem fatos graves no MEC que precisam ser investigados. Porém, uma CPI tão próxima das eleições acabará em palanque eleitoral", escreveu ele, acrescentando que considera melhor uma "investigação imparcial e técnica" feita pela Polícia Federal e o Ministério Público e não pelo Senado.

Com a desistência, Randolfe anunciou hoje que o documento voltou a ter 26 assinaturas — uma a menos do que o necessário para preencher requisito de aval de um terço da Casa. "Seguiremos atrás de mais assinaturas para passar a limpo o 'bolsolão do MEC'", publicou o senador da oposição.

Aliados do governo e ministros já vinham declarando desde ontem que três senadores teriam sido convencidos a retirar a assinatura do pedido. O movimento de pressão em cima dos parlamentares tem sido capitaneado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), que classificou o pedido de CPI como um "disse-me-disse sem provas".

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A estratégia do Palácio do Planalto é justamente esvaziar os apoios antes de o requerimento ser protocolado na Casa para evitar o que aconteceu na CPI da Covid em 2021. No caso em questão, o Supremo Tribunal Federal (STF) acabou determinando que o colegiado fosse criado, apesar da resistência do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em tomar a decisão. Por isso, o governo tenta “matar” a iniciativa na origem, impedindo que Randolf consiga reunir o apoio necessário.

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O movimento a favor da apuração sobre um suposto esquema de liberação de verbas do MEC a prefeituras indicadas por dois pastores ganhou fôlego nos últimos dias, com o não comparecimento do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e dos dois religiosos ao Senado. Em contrapartida,  em audiência na Casa, três prefeitos relataram que um dos pastores cobrava propina em dinheiro, ouro e até em compras de Bíblias para liberar verbas do ministério.