Brasil Educação

Em SP, maioria das instituições não tem ensino religioso

Aula não é oferecida na rede municipal; na estadual, há apenas em 43 unidades
STF decidiu permitir ensino confessional nas escolas públicas Foto: Shutterstock
STF decidiu permitir ensino confessional nas escolas públicas Foto: Shutterstock

SÃO PAULO- A maior parte dos colégios públicos de São Paulo não tem aula de ensino religioso. A disciplina não é oferecida em nenhuma escola da rede municipal da capital paulista, segundo a Secretaria municipal de Educação. Já na rede estadual, os estudantes são consultados a partir do oitavo ano do ensino fundamental sobre o interesse em estudar o tema. Se houver demanda, as turmas são formadas.

Entre 1,5 mil escolas da rede estadual na cidade, apenas 43 oferecem as aulas, de acordo com a Secretaria. No entanto, cinco colégios citados pela pasta e procurados pelo GLOBO negaram que o ensino religioso esteja na grade curricular. Três deles disseram que a disciplina já havia sido lecionada no passado. A funcionária de outra escola, surpresa com o fato de o colégio estar na lista, disse nunca ter ouvido falar em aulas de religião na rede pública.

— São Paulo sempre manteve uma fachada de que estava seguindo a Constituição, mas isso (a aplicação da LDB, que prevê que o ensino religioso é facultativo) nunca funcionou por aqui — observou João Décio Passos, professor de Ciências da Religião na PUC-SP.

CURSO ESPECÍFICO

Passos também criticou a formação dos professores que lecionam a disciplina na rede pública.

— Aqui é uma bagunça. Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e alguns estados da região Nordeste oferecem licenciatura em Ciências da Religião para o professor que quiser ter uma formação própria para o ensino religioso. São Paulo nunca levou isso a sério e atribuiu a disciplina a quem é formado em filosofia e história — disse.

De acordo com a Secretaria, os docentes interessados na disciplina precisam passar por um curso fornecido pela Escola de Formação de Professores, ligada à rede estadual e responsável pelos cursos de capacitação para educadores. A última turma de docentes na área se formou em 2009. A falta de demanda teria contribuído para a ausência de novas turmas.