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Em meio à crise do coronavírus, Inep cancela reuniões sobre Enem e Enade

Colaboradores de outros estados já tinham viajado a Brasília; técnicos descartam riscos de atraso nos exames por cancelamento de duas semanas
Prédio do Inep em Brasília Foto: Agência O Globo
Prédio do Inep em Brasília Foto: Agência O Globo

BRASÍLIA — Após ignorar os pedidos de adiamento por conta do novo coronavírus , o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira ( Inep ), ligado ao Ministério da Educação ( MEC ), decidiu cancelar de última hora reuniões com professores de várias partes do país.

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Os encontros, que ocorreriam nesta e na próxima semana, tratariam da elaboração de duas importantes avaliações nacionais: o Exame Nacional do Ensino Médio ( Enem ), porta de entrada para universidades, e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes ( Enade ), que serve para avaliar a qualidade do ensino superior.

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A decisão ocorreu com os docentes já em Brasília. O órgão não informou quanto foi gasto com a vinda inócua dos profissionais. Técnicos afirmaram ao GLOBO que o adiamento das reuniões por duas semanadas não devem provocar atrasos nos exames.

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Os professores que vieram para tratar do Enade chegaram a Brasília entre domingo e segunda-feira e deveriam ficar até quarta-feira. Na tarde de segunda, porém, foram dispensados. Fontes com acesso aos trabalhos afirmam que ao menos 14 docentes deram essa "viagem perdida" a Brasília por conta do exame de avaliação do ensino superior.

Inep foi pressionado

No caso do Enem, a estimativa é que de 20 a 25 colaboradores, a maioria de fora da capital federal, venham a cada semana para as dependências do Inep. O cronograma dessa reuniões para tratar do exame já estava em andamento e vai até junho.

A cúpula do Inep foi avisada, na última semana, por seus próprios servidores, que não haveria atrasos consideráveis caso as atividades do Enem, com colaboradores externos, fossem suspensas por duas semanas em função do agravamento do coronavírus. Mas, mesmo assim, a decisão foi manter as atividades.  A avaliação foi de que as reuniões não eram eventos e, portanto, não precisavam ser canceladas.

Na segunda-feira, com o aumento das queixas relacionadas à imposição, a presidência se viu pressionada a suspender temporariamente os encontros, tanto do Enade quanto do Enem.

O maior problema é que esses encontros ocorrem nos ambientes "seguros" do Inep, que são salas fechadas por conta do sigilo que o trabalho exige. Esses colaboradores externos auxiliam o instituto na elaboração dos exames. Na fase atual do processo, atua na elaboração de portarias, matrizes de referência da prova e outras tarefas essenciais para a realização dos exames.

Além da passagem, hospedagem e diária, os professores recebem um auxílio de avaliação educacional no valor de R$ 400 por dia no caso do Enade. Em relação ao Enem, os custos são parecidos, mas esse auxílio varia.

O Inep não respondeu ao GLOBO quantos docentes foram dispensados sem finalização dos trabalhos previstos nem quanto foi gasto devido à decisão de cancelar as reuniões apenas depois que eles já estavam em Brasília. Também não informou se outros métodos de trabalho, a distância, foram adotados e se haverá atrasos que comprometam a aplicação do exame nas datas em que geralmente ocorrem.

Técnicos ouvidos pelo GLOBO afirmaram que não há riscos de comprometimento do cronograma nas duas avaliações por conta do cancelamento de duas semanas. No caso do Enade, as atividades serão feitas por videoconferência, uma vez que a etapa de elaboração dos itens, considerada a mais sigilosa, ainda não chegou.