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Em dez anos, dobra o percentual de estudantes que faltam às aulas por questões de segurança

Em dez anos, dobra o percentual de estudantes que faltam às aulas por questões de segurança

O IBGE divulgou, nesta quarta-feira (13), um retrato detalhado dos estudantes brasileiros do nono ano.

A escola não é uma ilha, isolada dos problemas que atormentam as cidades. A violência, cada vez mais presente nas ruas, é também cada vez mais responsável pela ausência nas salas de aula. A pesquisa do IBGE mostra que entre 2009 e 2019, dobrou o percentual de estudantes do nono ano que faltaram por questões de segurança.

Nas escolas das favelas da Maré, no Rio, alunos e professores já foram surpreendidos muitas vezes pelos tiroteios.

“Teve um dia que eu estava na escola e começou o tiroteio. Foi bem difícil esse dia, todos os alunos nos corredores, abaixado, protegendo, os professores desesperados”, relata Cauã de Oliveira Franco, de 15 anos.

A pesquisa também descobriu que, em uma década, aumentou a insatisfação dos alunos com a imagem do próprio corpo. Tanto entre os que se consideravam gordinhos, quanto entre os que se consideravam magros demais. Uma pressão que a Giulliane Martins sentiu alguns anos atrás e que conseguiu superar com a ajuda da escola e da família.

“O colégio tem que ficar muito ciente disso, tem que observar porque isso acaba gerando uma própria diferença em como ela vai agir na sociedade”, afirma a aluna de 14 anos.

A exposição ao uso ou o ato de experimentar drogas cresceu quatro pontos percentuais, com chances maiores de acontecer entre meninas de escolas públicas, mais pobres, e antes dos 14 anos. Fenômeno parecido aconteceu em relação ao álcool: houve um aumento mais intenso entre as meninas.

Um índice que também chamou a atenção: a queda no percentual de alunos que usaram camisinha na última relação sexual.

“Falta de informação, falta do conhecimento do próprio corpo, também a falta de ajuda das pessoas próximas”, explica Lara Carramona Santos, aluna do 9º ano.

Entre as boas notícias estão a redução significativa no percentual de alunos com mães sem instrução ou com ensino fundamental incompleto e o aumento do número de estudantes com acesso à internet em casa.

Violência, sexo, álcool, drogas, bullying. Essas questões sempre existiram dentro e fora da escola. Os alunos têm hoje muito mais informações do que há dez anos. A questão é como trabalhar essas informações para que eles possam se desenvolver de uma maneira saudável.

Uma escola particular tem um programa para orientar os alunos.

“Eles mesmos verbalizam esse resultado, falam: ‘poxa, eu nunca tive espaço para falar sobre esse tipo de coisa. Eu estou me entendendo melhor, estou conseguindo me organizar melhor, minha ansiedade está diminuindo’. Então acho que o maior resultado é ouvir eles falando da diferença que eles sentem hoje em dia’, conta a professora Antônia Burke.

Gabriel Corrêa, do Todos Pela Educação, lembra que muitas escolas públicas seguem esse modelo, já que focar apenas no conteúdo e ignorar a realidade não é uma opção.

“Essas questões como sexo, álcool, drogas, a própria violência, elas precisam ser trazidas para dentro da escola para uma discussão que ajude os estudantes a enfrentar esses diversos desafios, que vivem na nossa sociedade”, afirma Gabriel Côrrea.

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