Rio

Carta pede mais segurança para creche dentro do Jacarezinho

Na segunda, funcionária de uma creche na mesma região foi atingida por bala perdida
Creche municipal Tia Andreza, dentro do Jacarezinho Foto: Reprodução
Creche municipal Tia Andreza, dentro do Jacarezinho Foto: Reprodução

RIO - Em atividade desde 1992 dentro da Favela do Jacarezinho, uma creche da rede municipal de ensino sofre com a violência e a falta de segurança na região. Nesta terça-feira, o secretário municipal de Educação, Cesar Benjamin, recebeu uma carta que mostra o tamanho do problema vivenciado pelas 94 crianças da comunidade matriculadas na Creche Municipal Tia Andreza, que fica na Rua José Maria Belo sem número, dentro do Jacarezinho. A creche fica a poucos quilômetros da unidade de educação onde uma auxiliar de creche foi baleada, na segunda-feira.

"O local onde se encontra o prédio da creche é muito vulnerável a possíveis incidentes relacionados a conflitos sociais. As paredes da fachada têm uma extensão de vidros, as salas dão acesso fácil a possíveis projéteis que venham do entorno. Os acessos dentro da creche são expostos. O refeitório tem a parede da rua, onde apoiam-se para a troca de tiros. Há uma barricada na porta da creche para impedir o acesso da polícia, ocasionando os conflitos na entrada", diz um trecho do documento.

Outro trecho da carta lembra que nesta terça-feira completa-se um ano do episódio que deixou crianças e funcionários aterrorizados. No dia 18 de abril de 2016, um tiroteio entre policiais e traficantes deixou a creche perfurada por vários tiros. O documento lembra que muitas das 94 crianças, além de funcionários, ficaram machucados ao tentarem se proteger ao se jogar no chão. Atualmente, a parede mais exposta tem mais de 20 marcas de balas.

Trecho do documento
“A violência em torno da creche, que tanto prejudica o nosso trabalho e causa transtornos no funcionamento da creche bem como riscos às crianças, responsáveis e funcionários”
“Nossas paredes de fachada têm uma extensão de vidros, nossas salas dão acesso fácil à possíveis projéteis que venham do entorno, nossos acessos dentro da creche são expostos, nosso refeitório tem a parede da rua, onde apoiam-se para troca de tiros”
“Temos uma barricada na porta da creche, para impedir o acesso da polícia, ocasionando os conflitos na nossa entrada.”
“Hoje, exatamente, fazemos 1 ano de sobrevivência ao incidente ocorrido em 18/04/2016, onde fomos alvejados pelos tiros do conflito entre policiais e bandidos, na nossa porta, literalmente. Tivemos nossas paredes e vidros atingidos, crianças e funcionários apavorados, que se machucaram jogando-se no chão para tentarem se proteger.”

A creche existe há 22 anos e seu nome é uma homenagem à moradora do Jacarezinho que inaugurou o espaço para atender crianças da região. O prédio passou por uma grande reforma entre 2008 e 2011, que o deixou vulnerável por causa da grande quantidade de janelas e vidros. Quando há tiroteios no entorno a tensão dentro da unidade aumenta.

- Todos os dias têm tiroteios. E na hora que acontecem todos se juntam no lugar que naquele momento parece ser o mais seguro - contou um morador da região, que pediu para não ser identificado:

- Os tiroteios passaram a ser constantes a partir do fim de 2015. Ninguém sabe o motivo exatamente.

O pedido de socorro aconteceu no dia seguinte ao episódio ocorrido no Ciep Chanceler Willy Brandt, também no Jacaré, onde a auxiliar de creche Lillian Gomes Roma, de 31 anos, foi ferida de raspão no ombro direito quando ajudava a cuidar de 24 crianças em sala.

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