Educação

Ela quer mudar a educação com o poder dos dados

Ela quer mudar a educação com o poder dos dados

Para ajudar a rastrear políticas públicas que funcionem, Gabriela Gall Rosa quer estudar acertos e falhas do ensino no Brasil

GABRIELA VARELLA
12/10/2017 - 17h25 - Atualizado 12/10/2017 20h08
Gabriela (Foto:  Julia Rodrigues/ÉPOCA)

A economista Gabriela Gall Rosa, de 26 anos, sabe que a produção de evidências é essencial para transformar iniciativas em políticas públicas. Ela percebeu, no entanto, que somente debruçar-se sobre os números não era o suficiente. “Trabalhava com bancos de dados enormes e ficava pensando quantas histórias existiam por trás deles”, afirma. Gabriela percebeu que a desigualdade de oportunidades é um dos principais empecilhos para o desenvolvimento na área da educação. Ela faz parte de um grupo de jovens inquietos, que não esperam somente por políticas públicas para atingir a mudança. Eles querem pôr a mão na massa e contribuir para mudar esse cenário, com educação de qualidade para todos.

>> Como jovens tentam transformar o ensino público sem depender só do governo

Num trabalho voluntário como professora de matemática numa escola pública, os dados começaram a criar forma, nome e identidade. Notou que faltava autoconfiança para muitos dos alunos inseridos naquela realidade e isso minava as possibilidades dessas crianças em arquitetar um futuro e pensar numa graduação. “Isso me instigou a querer engajá-los e mostrar que eles poderiam, sim, aprender matemática, e o que mais quisessem”, diz.

A tese na faculdade, sobre a importância de políticas afirmativas e o desempenho de alunos beneficiados por elas no Enem, a levou a participar de uma conferência sobre desigualdade em Harvard. Conquistou o posto de pupila do economista Ricardo Paes de Barros, um dos criadores de programas de combate à pobreza no governo Fernando Henrique Cardoso. Gabriela trabalhou por dois anos no Centro de Políticas Públicas do Insper na área da educação. “Uma das minhas últimas pesquisas foi sobre abandono e evasão escolar. Numa oficina, nós apresentamos os dados a algumas secretarias [de Educação]. Lembro-me de ouvir, logo após a conversa, uma funcionária de uma secretaria conversando ao telefone: ‘Precisamos fazer alguma coisa’. Nessa hora, percebi que faz sentido. Estou mudando a perspectiva de alguém”, diz. Neste ano, Gabriela foi aprovada no mestrado da Universidade Stanford, na Califórnia, Estados Unidos, com uma bolsa da Fundação Estudar, e quer continuar se especializando nessa área. “O meu objetivo é voltar e aplicar aqui. Quero contribuir para a educação no nosso país”, afirma.

  








especiais