Por G1 — Campos dos Goytacazes


O grupo usou mordaças e cartazes e protestou na frente da Diretoria Regional do Norte Fluminense — Foto: Divulgação/Sindpefaetec

Profissionais da Educação fizeram um ato no final da manhã desta quinta-feira (4) em apoio ao professor de Campos dos Goytacazes (RJ) que foi afastado após aplicar atividade com uma charge onde os presidentes Jair Bolsonaro (PSL) e Donald Trump aparecem em uma cama.

O grupo usou mordaças e cartazes e protestou na frente da Diretoria Regional do Norte Fluminense da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc).

Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), a primeira oitiva da sindicância que foi aberta pela Seeduc para apurar o caso aconteceu nesta quarta.

"A denúncia contra mim não faz o menor sentido. Vamos aguardar para saber o desfecho dessa sindicância", disse ao G1 o professor afastado, Marcos Tavares.

O sindicato afirmou que segue acompanhando o caso e que defende o direito do professor aplicar instrumentos pedagógicos em sala de aula.

No dia do afastamento, a Seeduc informou que o educador ficará afastado das atividades até a conclusão da sindicânica e um docente foi alocado para ministrar as aulas, sem necessidade de interrupção das atividades e do conteúdo da disciplina.

A atividade foi aplicada na aula de Português e compartilhada nas redes sociais — Foto: Reprodução/Redes sociais

Polêmica

A atividade que causou polêmica foi aplicada na aula de língua portuguesa para os alunos do 3º ano do Ensino Médio do Liceu de Humanidades de Campos. O conteúdo foi compartilhado nas redes sociais e chegou ao conhecimento da Seeduc.

No dia 25 o Sepe registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, no Rio de Janeiro. O objetivo é apurar ataques nas redes sociais contra o professor.

Professor escreveu carta

O professor enviou uma carta ao G1 sobre o assunto. Segundo o educador, o mesmo texto foi enviado para a Seeduc.

Veja a íntegra do texto:

"Leciono português, literatura e produção de texto há quinze anos em várias escolas particulares e públicas, mas atualmente no Liceu de Humanidade de Campos me deparei com uma situação na qual nunca imaginei passar, nos meus piores pesadelos; a censura.

Venho por meio desta esclarecer a atitude covarde e descontextualizada em que postaram nas redes sociais um material dado em sala de aula, para os alunos do terceiro ano do ensino médio, portanto, futuros vestibulandos.

Trata-se de uma charge, entregue à tais turmas (3003/3005), material este muito comum nos vestibulares, em todas as disciplinas e com uma carga argumentativa bastante relevante no que concerne ao fato de que ao se depararem com tal tipo de texto, os discentes devem obrigatoriamente estar inseridos nos contextos político, econômico, social e cultural do mundo que os cerca, habilidades essas cobradas em vestibulares e no ENEM.

A charge, de autoria do chargista Victor Teixeira, trata-se de um contexto político amplamente divulgado na mídia do mundo inteiro. Assim, sua análise (contra ou favorável) ficou a critério única e exclusivamente dos alunos, usando para isso, seus próprios argumentos, não havendo assim, DOUTRINAÇÃO.

Dado o exposto, termino com a certeza do dever cumprido; o de desenvolver em meus alunos a criticidade na qual futuramente serão devidamente cobrados e na certeza deste mesmo dever, coloco-me a disposição para quaisquer esclarecimentos.

A foto é uma METÁFORA, ou seja nem tudo o que parece é..."

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