A evasão escolar é parte de um quadro dramático que alimenta a miséria e mantém o País aprisionado na pobreza e profunda desigualdade social.

Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 11% dos brasileiros entre 11 a 19 anos, algo como dois milhões de jovens, encontram-se fora da escola.

A principal causa alegada é a necessidade de trabalhar e ajudar no sustento da família, sobretudo as jovens adolescentes, não raro, mães solteiras.

Para piorar, como sabido, a qualidade do ensino é lastimável. De acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), entre 65 países pesquisados, o Brasil ocupa a 53ª posição.

Não bastasse tantas más notícias, a violência escolar vem crescendo sobremaneira nos últimos anos. O chamado “Bullying” já atinge um a cada quatro alunos, ou seja, 25% dos estudantes declararam ter sofrido algum tipo de assédio ou agressão.

E a violência não se restringe aos alunos. Cerca de 54% dos professores já sofreram agressões físicas e verbais, ou ameaças de alunos e pais de estudantes. Talvez, por isso, além dos baixos salários e da precariedade das escolas, o número de professores concursados seja, atualmente, o mais baixo em uma década.

Nas escolas públicas do País, o quadro se agrava na medida em que as condições mínimas de estudo e trabalho são praticamente nulas. Apenas 5% das escolas contam com a infraestrutura completa prevista em lei.

O resultado não poderia ser outro senão o trágico número de 10 milhões de brasileiros entre 18 e 29 anos que não terminaram o ensino médio. A catástrofe se completa quando quase 70 milhões de pessoas, de todas as idades, não concluíram nem sequer a educação básica.

Não à toa a produtividade ser tão baixa no País: um trabalhador brasileiro produz, em média, apenas 20% do que um americano na mesma função. Por isso, a média salarial brasileira é 7.5 vezes menor que a americana.

O fosso econômico entre essa massa sem escolaridade e produtividade e aqueles que conseguiram estudar e alcançar empregos e salários de qualidade é proporcional à desigualdade social visível por todos os cantos do País.

Não há futuro sem educação, e ao menos desde o início do século passado, isso é tema de discussão no Brasil, que nada fez, até o momento, para extirpar essa verdadeira chaga que nos aflige.