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Por Lucas Altino

"Passamos muito tempo explicando como identificar fake news, mas não para entender porque e como as pessoas acreditam em notícias falsas". Essa é a conclusão de Michelle Lipkin, jornalista e especialista da Associação de Educação Midiática dos EUA (National Association for Media Literacy Education). Ao lado da também americana Renee Hobbs, do Media Education Lab, e de Paolo Celot, da Associação Europeia de Educação Midiática (Media Literacy for Active Citizenship), ela participou, nesta quinta, do Encontro Internacional de Educação Midiática, em São Paulo.

Além de defenderem o debate da regulação de mídias sociais, junto às big techs, os palestrantes se aprofundaram sobre o tema das fake news e das polarizações políticas nas redes e na mídia.

— Educação midiática é muito maior que apenas distinguir notícias falsas de verdadeiras. Precisamos de um entendimento mais profundo. Num piscar de olhos, fomos empurrados para novas formas de comunicação, sem ninguém nunca ter nos ensinado. Precisamos aprender, em escala global — diz Lipkin. — Não podemos olhar essas pessoas como loucas, são vulneráveis, precisamos conversas com elas. Só acusar não resolve, se não vai manter todo mundo nas suas bolhas.

Michelle Lipkin (à esquerda), acompanhada de Renee Hobbs (de óculos) e Paolo Celot — Foto: Divulgação / Fundação Roberto Marinho
Michelle Lipkin (à esquerda), acompanhada de Renee Hobbs (de óculos) e Paolo Celot — Foto: Divulgação / Fundação Roberto Marinho

A jornalista, que trabalha há 20 anos no tema, conta que, até 2016, ninguém lhe dava ouvidos nos EUA. A maré mudou a partir da eleição de Donald Trump e a ascensão do debate sobre influência de fake news nos processos eleitorais.

— Antes de 2016 ninguém atendia meu telefone. Agora estou até dando palestra no Brasil — brinca Lipkin, que defende a inclusão das big techs no debate global sobre educação midiática e regulação de redes sociais. — Hoje há estados implementando a educação midiática em leis, com treinando de professores ou obrigação de ensino em salas de aula, casos de Washington, Illinois e New Jersey. A tensão aqui (no Brasil) é semelhante ao dos EUA.

'Eu tenho visões pré concebidas de policiais, e eles tem sobre nós. Talvez a educação midiática possa romper isso'

Veterana do trio, Renee Hobs explica que, na década de 1970, o foco da educação midiática era debater a banalização da violência na televisão. Com o tempo, os assuntos foram se transformando, mas o fato do sistema de educação nos EUA ser descentralizado evitava a implementação de políticas públicas federais.

Recentemente, ela participou de dois experimentos que mostram como a educação midiática ganhou importância no debate público. Em um, ela foi convidada pelo departamento de segurança dos EUA a ministrar um curso com foco na mitigação do ódio nas redes que leva à violência, como forma de combater o terrorismo doméstico.

— Não há como prever quem vai virar terrorista, só se sabe que são pessoas em contexto de isolamento social e que se sentem humilhadas — explica.

Em outro trabalho, ela foi convidada a participar da reformulação do curso de formação policial em Austin, no Texas. Após um militante ter sido assassinado pela polícia durante um protesto do Black Lives Matter, os cursos de formação dos agentes de segurança passaram a ser questionados pela população.

— O curso durava apenas nove meses, e eles assistiam a vídeos racistas, que representavam negros apenas como bandidos. Além disso, as mulheres são 20% da força de trabalho da polícia, mas nenhuma aparecia nos vídeos — diz a especialista, que conta que o combate aos estereótipos ajuda a reduzir a violência. — Eu tenho visões pré concebidas de policiais, e eles tem sobre nós. Talvez a educação midiática possa romper isso.

Rede social promove polarização

Em relação ao debate sobre moderação de conteúdo nas redes sociais, o italiano Paolo Celot lembrou que a Meta está enfrentando uma multa bilionária, aplicada pelo Parlamento Europeu.

— A rede social promove polarização. Se você for uma pessoa moderada, não vende conteúdo, o sistema te força a escolher um lado. Mas agora temos mais regras de regulação. Conseguimos alcançar um ambiente melhor, fortalecendo o debate.

Nesta quinta, os três participaram do Encontro Internacional de Educação Midiática. Uma parceria entre o Instituto Palavra Aberta, o curso de jornalismo da ESPM e a Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, com cooperação da UNESCO no Brasil, patrocínio do Google e do YouTube e apoio institucional da Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) e entidades do setor de comunicação.

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