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Artigos escritos por colunistas convidados especialmente para O GLOBO.

Por Alini Dal Magro

Entra ano, e sai ano, e tudo parece igual: desigualdades sociais, falta de acesso a recursos básicos, tensão global, crise ambiental, preconceitos etc. A sensação é de que nada muda e que, apesar de estar remando, ninguém sai do lugar.

Nesse cenário, o principal grupo afetado são os jovens, que, além de enfrentar tais adversidades, ainda lidam com preconceitos acerca de seu comportamento. Quem nunca ouviu as seguintes frases: “Essa juventude não quer nada com nada” ou “No meu tempo, com essa idade, já era para estar trabalhando”?

Mas uma pesquisa realizada pela empresa Box revelou que 55% das pessoas entre 18 e 24 anos sonham em ter uma formação e um emprego. Além disso, cada vez mais os setores reconhecem a importância da educação desde o ensino básico para transformar a sociedade e como ela está ligada à economia de um país.

Um estudo publicado pela Unesco estabeleceu princípios que farão parte da agenda de governos e de discussões, dentro e fora da escola, para dar conta de demandas urgentes relacionadas ao acesso e fortalecimento da educação como bem comum até 2050. Entre as principais propostas estão: um modelo de ensino que deixe de ser centrado no professor e destaque a colaboração e a solidariedade; currículos que enfatizem a aprendizagem ecológica, intercultural e interdisciplinar; e escolas que incluam arquitetura, espaços, tempos, horários e grupos diversos.

Um fator essencial que deve ser considerado é o que o jovem quer quando sai da escola. O Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em 2020 e reuniu jovens da Argélia, Argentina e África do Sul, mostrou que todos os participantes afirmaram que escolas e universidades não estão preparando a juventude com as habilidades certas para aproveitarem ao máximo as tecnologias atuais. Além disso, eles concordam que faltam habilidades sociais essenciais e que a educação, na maioria das vezes, está centralizada e não alcança os mais vulneráveis.

No Brasil, o panorama não é diferente. Segundo o Índice de Capital Humano, publicado pelo Banco Mundial em 2022, uma criança brasileira nascida em 2019 deverá atingir apenas 60% de todo o seu potencial produtivo para a economia aos 18 anos.

A relação entre educação e produtividade é fundamental para a economia de um país. De acordo com estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2023, os trabalhadores com ensino superior no Brasil recebem até quatro vezes mais do que aqueles que têm apenas o ensino médio.

Já a inclusão produtiva de jovens no mercado enfrenta a falta de qualificação técnica e profissional. Muitos dos cursos oferecidos, infelizmente, não são adequados às demandas do mercado e aos desejos dos jovens. Para que a conta possa fechar, é preciso promover a formação de jovens em carreiras que tenham projeção de crescimento, como as áreas de tecnologia, economia verde, economia digital e economia criativa.

Entretanto, muitos jovens em idade produtiva, mas sem formação, acabam procurando alternativas para obter uma renda como entregadores, carregadores de caixas em centros de distribuição de alimentos, entre outras funções que nem sequer são catalogadas nos dados oficiais.

Investir na educação dos jovens, principalmente da escola pública, é fundamental para reduzir desigualdades e garantir o desenvolvimento social e econômico. Além disso, é preciso ampliar oportunidades de formação e qualificação para que jovens vulneráveis possam enfrentar a vida de forma menos desigual.

Confiar em jovens tão cheios de sonhos, energia e vontade de crescer, e investir em sua educação, é a melhor maneira de promover grandes transformações e reverter o caos.

*Alini Dal Magro é CEO do Instituto PROA

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