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Por Carla Matsue, Ívina Garcia e Mariana Assis* — De São Paulo


O combate ao racismo dentro das escolas é um tema tratado como prioridade na teoria, mas na prática ainda faltam técnicas mais eficientes por parte dos educadores, além de materiais adequados para respaldar o conteúdo, mostra pesquisa inédita da ONG Nova Escola.

Segundo os dados, embora 87% dos educadores acreditem que o conceito seja “extremamente relevante”, 62% não se sentem bem preparados para aplicar ensinamentos antirrascistas em salas de aula e somente 14% declaram ter conhecimento de trabalhos bem estabelecidos na área.

Outro dado destacado como preocupante pela Nova Escola é que, apesar do maior apoio a posturas antirracistas na sociedade, 70% dos educadores - professores e gestores de escolas - presenciaram atos racistas dentro das instituições nos últimos cinco anos. Entre esses, mais da metade (55%) relata que as situações de racismo são “muito presentes” onde trabalham.

De acordo com a gerente pedagógica da Nova Escola, Paolla Vieira, o problema permanece muito presente dentro das escolas porque ainda falta repertório para os educadores implementarem técnicas de educação antirracista. "Percebemos que os professores conhecem a legislação, sabem sobre o problema do racismo, mas não se sentem plenamente seguros para abordar esses temas em sala de aula. Falta repertório, materiais e conversas com especialistas", afirma.

A legislação a que ela se refere é a lei 10.639, aprovada no Congresso Nacional em 2003, que estabelece a obrigatoriedade de temas relacionados à história e à cultura afro-brasileira nas redes de ensino. O objetivo é promover aprendizagem que respeite as origens dos brasileiros e que ajude na disseminação de posturas antirracistas, mas os especialistas apontam que também é preciso transmitir ensinamentos socioemocionais para que os estudantes entendam a diversidade como ponto forte, e não sob preconceitos.

“O lugar para se trabalhar pautas antirracistas é na sala de aula, mas não somente lá. Precisamos envolver as comunidades que valorizem a cultura afro-brasileira, criando um ambiente escolar acolhedor”, diz Vieira.

O lugar para se trabalhar pautas antirracistas é na sala de aula, mas não somente lá”
— Paolla Vieira

O obstáculo, porém, está no baixo progresso desses ensinamentos nas escolas. Conforme a gerente pedagógica da Nova Escola destaca, 94% dos professores conhecem a lei 10.639, mas somente 34% acreditam que a estão aplicando bem nas salas de aula. “É importante entregar material de referência para os professores e a comunidade também precisa apoiar esses conteúdos, afinal, cada ambiente tem suas particularidades”, diz, ressaltando que os materiais didáticos precisam ser desenvolvidos de acordo com as características de cada região.

Para o sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Luiz Antonio Nascimento, é preciso mais organização e diretrizes claras para a executar a lei. “Faltou amarrar com a execução orçamentária, com os poderes municipais e estaduais sentindo no orçamento essa mudança”, diz.

Nascimento sugere que o governo federal elabore mecanismos para medir a aplicação da lei, separando parte do orçamento dos fundos estaduais e municipais para reforçar a execução das diretrizes. A ideia seria criar um sistema de metas parecido com o que o governo já aplica em outros âmbitos, como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

O especialista afirma que o racismo está enraizado na sociedade brasileira e somente ações de impacto na educação poderiam reverter a situação. “A escola é uma das portas de entrada para a experiência racista das crianças no Brasil”, afirma, citando que “a cada dez crianças ou adultos em contexto escolar, nove lembram que a primeira experiência racista que tiveram foi nesse ambiente por parte de colegas, professores, funcionários e até pais”, argumenta.

Como soluções para turbinar a educação antirracista, os educadores ouvidos na pesquisa sugerem ações como construir um projeto político pedagógico que tenha um plano de ação definido e um protocolo prévio de ações para atuar em casos de discriminação, preconceito e racismo.

*Sob supervisão de Rafael Vazquez

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