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Educação 360: Professora conta como rede de ensino canadense virou exemplo de sucesso

Diretora da Federação de Professores de Ontário defende construção de alianças entre sindicatos e governos para obter resultados de longo prazo
A professora Lindy Amato, de Ontário, no Canadá, durante palestra no Educação 360 Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
A professora Lindy Amato, de Ontário, no Canadá, durante palestra no Educação 360 Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo

RIO - Não existem mudanças rápidas e de grande escala na educação. As políticas públicas precisam de tempo para mostrar resultados de vulto, o que não vai acontecer de um ano para outro. Mas o exemplo de Ontário mostra que vale a pena investir em boas práticas. Entre 2003 e 2016, o índice de conclusão do ensino médio nesta que é a província mais populosa do Canadá subiu de 68% para 85,5%. Entre 2003 e 2008, a proporção de escolas com resultados de baixo desempenho caiu de 20% do total de instituições para apenas 5%.

Esses números foram apresentados pela professora Lindy Amato, diretora da Federação de Professores de Ontário, durante sua palestra no Educação 360 Encontro Internacional, na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca. Os dados são reflexo de um esforço de colaboração entre sindicatos de professores e governos. Uma cooperação que, nas últimas duas décadas, transformou a região num exemplo de sucesso em educação de qualidade.

O Educação 360 Encontro Internacional é uma realização dos jornais O GLOBO e “Extra”, com patrocínio de Itaú Social, Fundação Telefônica/Vivo, Colégio Ph e Universidade Estácio, e apoio institucional de TV Globo, Unicef, Unesco, Fundação Roberto Marinho e Canal Futura.

Iniciando sua palestra com uma imagem do filósofo e educador brasileiro Paulo Freire, Amato compartilhou com o público presente no painel as lições da rede de ensino de Ontario, que conta com mais de 95% dos estudantes em escolas públicas. Trata-se de um sistema educacional reconhecido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como um dos melhores do mundo. São mais de 126 mil professores, todos sindicalizados, em cerca de 5 mil escolas distribuídas pela província.

— Mesmo que pareça impossível, existe sempre uma possibilidade de fazer mudança. Não dá para mudar muitas coisas de uma vez só, é preciso ter foco em pequenas metas.

Para Amato, é necessário construir pontes e trabalhar em torno do que une, não do que separa. A sindicalista destacou a importância de se estabelecer a confiança entre os setores:

— Se não há confiança, não há como fazer mudanças na educação. Confiança não significa dar às pessoas o que elas querem, mas ter um entendimento mútuo de que estão trabalhando juntos. Em Ontario, nós viramos o sistema de cabeca pra baixo. Em vez de culpar um ao outro, vamos dialogar, e construir um relacionamento forte, é extremamente importante. Leva muito tempo para construir os relacionamentos, mas só um minuto para destruir a confiança. É importante que vocês não percam isso de vista.

No país, a educação é de responsabilidade da província. Dos 270 mil imigrantes que o país recebe anualmente, 40% escolhem viver em Ontario. São 2 milhões de estudantes, dos quais 30% têm origem imigrante.

Fundada em 1944, a instituição que ela preside tem como principal objetivo defender a profissão do professor, seus membros e a educação pública na província canadense. Como requisito para trabalhar nas escolas públicas de Ontário, todos os professores são obrigados por lei a pertencer à federação.