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Educação 360: ferramentas digitais podem ajudar a conhecer as redes de ensino

No debate sobre gestão, uma análise sobre como diretores e coordenadores devem usar as novas tecnologias
Na mesa sobre gestão, um debate sobre como as novas tecnologias podem dar boas informações sobre as redes aos gestores Foto: Barbara Lopes
Na mesa sobre gestão, um debate sobre como as novas tecnologias podem dar boas informações sobre as redes aos gestores Foto: Barbara Lopes

RIO - Mais do que auxiliar nas práticas pedagógicas em sala de aula e remodelar os processos de ensino, as novas tecnologias podem fornecer informações valiosas para gestores conhecerem suas redes. O papel das ferramentas digitais no cenário educacional - no que diz respeito ao uso da tecnologia por cada instituição, professor e aluno - foi debatido durante a mesa sobre gestão, durante o Educação 360 Tecnologia , nesta segunda-feira, no Museu do Amanhã.

De sistemas informatizados para auxiliar na administração das escolas a mecanismos simples para minimizar o tempo gasto com burocracias em sala de aula - como lista de chamada -, passando por plataformas com exercícios on-line que deem um retorno sobre o desempenho dos alunos em determinados assuntos. Esses são apenas alguns aspectos positivos trazidos pelo uso eficaz de ferramentas digitais que, embora possam parecer distantes de serem colocadas em prática, já acontecem em redes pelo país, ainda que em pequeno número.

Ciente da necessidade de multiplicar o uso adequado das tecnologias e desenvolver mecanismos para escolas públicas conhecerem melhor suas redes, o Centro de Inovação para Educação Brasileira (Cieb) desenvolveu, em 2016,  o "Guia Edutec", um questionário on-line com 22 questões respondidas em conjunto pelo diretor e dois professores de cada escola. No ano passado, o questionário foi empregado em 14 estados e mensurou o uso da tecnologia em quatro dimensões distintas: a visão da escola sobre esse uso, as competências desenvolvidas, os conteúdos e recursos digitais empregados e a infraestrutura de cada instituição.

- Há inúmeras possibilidades de utilizar sistemas de gestão que façam com que as redes educacionais sejam mais eficazes. Quando falamos em eficiência em educação, muitos pensam que queremos transformar as redes públicas em empresas. Mas, quanto mais eficiência tivermos nos sistemas da rede pública de ensino, mais recursos e mais tempo teremos para aplicar nas atividades pedagógicas. É valorizar o que é realmente imprescindível e fundamental para as redes que é ensinar- afirmou Lúcia Dellagnelo.

A educadora defende ainda que as redes aprendam a analisar bancos de dados que possam ser gerados a partir de resultados de avaliações comuns às quais são submetidas milhões de alunos, e também pela análise do padrão de consumo de informação de professores que utilizam e-mails das instituições.

- Nós, da educação, ainda não estamos explorando bem a "big data". É pegar um grande conjunto de dados e conseguir achar inteligência e soluções olhando para os problemas. Isso a gente não faz, ou faz muito pouco na educação.

O Espírito Santo é um dos estados que caminha no uso das novas tecnologias para impulsionar a gestão escolar e, consequentemente, desenvolver programas mais adequados às escolas da rede. Usuário do Guia Edutec, o estado não parou por aí. Para complementar a análise das escolas, criou o questionário "Sedu Digit@l: você é um profissional TIC?" disponível para todos os funcionários da educação. A ferramenta fez com que a secretaria de Educação descobrisse práticas inovadoras desenvolvidas por diversas escolas, antes desconhecidas. Também foi a partir desses instrumentos que os gestores conseguiram perceber quais as demandas de formação de cada professor.

- O formulário inclui questões como que equipamentos são usados, que uso é feito deles e o que deseja-se aprender. Com isso, mapeamos, no estado inteiro, o que cada escola e cada professor estão fazendo. Antes eu tinha um dado da escola, agora cheguei a um dado de cada profissional. Sabemos qual professor usa qual equipamento, que tipo de atividades desenvolve com esse equipamento e que tipo de formação gostaria de ter. Temos um banco de dados fantástico, que dá mil oportunidades de uso. Um uso que temos feito é mapear as necessidades de cada professor e organizar informações personalizadas para esses profissionais - conta Carmem Prata, assessora de Tecnologia Educacional na Secretaria de Estado da Educação do ES e Coordenadora do Programa Sedu Digital.

Responsável por cerca de 27 milhões de alunos em todo o Brasil, a SOMOS Educação pH também lançou mão das novas tecnologias para gerir e analisar a fundo aspectos da aprendizagem de seus alunos. Por meio de uma plataforma disponibilizada pelas escolas da rede, os alunos podem visualizar conteúdos, resolver exercícios e seus desempenhos são registrados e transmitidos à equipe pedagógica.

- A gente reinventou nosso fluxo editorial. O digital traz a possibilidade de interagir e receber uma resposta. A partir do momento em que você pega um livro impresso e abre um canal digital você começa a escutar o aluno. "Eu não entendi essa página", "Não entendi esse exercício"... Muitos autores têm ficado felizes de receber o retorno na ponta, do aluno e do professor. Quando o aluno pode tirar uma dúvida de um conteúdo com o qual entra em contato em sala de aula, o que estamos fazendo é estender o muro da escola para dentro da casa do aluno - afirma Alex Pinheiro, diretor digital da SOMOS Educação pH, que afirma, porém, que ainda que é necessário estímulo para promover o engajamento dos estudantes com novas tecnologias.

Os especialistas destacaram também que é necessário ter cuidado ao analisar os dados, uma vez que nem todos alunos e professores têm acesso às tecnologias digitais, o que pode de certa forma contaminar as informações geradas.

O Educação 360 Tecnologia é uma realização O GLOBO e Extra, com patrocínio da Petrobras, do Colégio pH e Fundação Telefônica, apoio da Unesco e Unicef, parceria de mídia da TV Globo, Canal Futura, revista Crescer, revista Galileu e TechTudo e colaboração do Instituto Inspirare e Porvir.