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Educação 360: Diretores de escolas públicas defendem inclusão e gestão democrática

Com muitos refugiados entre seus alunos, equipes trabalham a diversidade a integração de suas escolas com as comunidades locais
Lucia Cortez, diretora da Escola Municipal Professor Waldir Garcia, no Amazonas, durante debate sobre inclusão no Educação 360 Encontro Internacional Foto: Freelancer / Agência O Globo
Lucia Cortez, diretora da Escola Municipal Professor Waldir Garcia, no Amazonas, durante debate sobre inclusão no Educação 360 Encontro Internacional Foto: Freelancer / Agência O Globo

As ações para promover uma inclusão eficiente nas escolas estão no radar de redes de todo Brasil e já há práticas a serem observadas dentro do país. Entre aspectos diversos, uma lição parece comum: para ser inclusiva, uma escola precisa abrir espaço para seus alunos no ambiente de tomada de decisões. A gestão democrática é um dos traços marcantes da Escola Municipal Professor Waldir Garcia, no Amazonas, e da Escola Infante Dom Henrique, em São Paulo.

Os gestores de ambas as unidades participaram do debate "A inclusão como princípio" nesta terça-feria, no Educação 360, na Cidade das Artes, na Barra. O Encontro Internacional é uma realização dos jornais O GLOBO e “Extra”, com patrocínio de Itaú Social, Fundação Telefônica/Vivo, Colégio Ph e Univerade Estácio, e apoio institucional de TV Globo, Unicef, Unesco, Fundação Roberto Marinho e Canal Futura.

As duas unidades se caracterizam por receber um grande número de estudantes estrangeiros, grande parte deles refugiados. Nesse contexto, trabalhar com a diversidade e promover a integração da escola com a comunidade e a família dos estudantes  são algumas das estratégias utilizadas pelos gestores para tornar o ambiente educacional mais acolhedor.

-  Tornamos as crianças protagonistas, os funcionários, os pais, a escola se abriu para a escuta. Uma vez por semana toda escola se reúne. A gente discute os problemas e todas as tomadas de decisão são no coletivo. É uma escola que diz não à reprovação e sim à colaboração. Não temos mais a competição, temos a colaboração - conta a diretora da Escola Municipal Professor Waldir Garcia, Lucia Cortez.

A unidade que tinha uma disciplina rígida, "quase militar", nas palavras da diretora, abriu mão das provas e aboliu a reprovação. Com as mudanças, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da unidade saltou de 5,8, em 2013, para 7,4, em 2015. A escola, que tem 17% dos alunos vindos de fora do país, também incluiu os pais dos estudantes no cotidiano escolar, processo  semelhante ao que foi feito na Escola Infante Dom Henrique, em São Paulo.

Com um histórico de indisciplina e violência, a realidade da Infante Dom Henrique começou a mudar quando o diretor Claudio Neto decidiu incluir os estudantes na linha de frente dos projetos da escola. Hoje, o principal programa de acolhimento aos imigrantes que chegam à unidade é coordenado pelos próprios alunos. Ao mesmo tempo, o gestor fez parcerias com um Instituto Federal localizado próximo à escola para oferecer preparatório para ingresso nos cursos técnicos.

- O grande problema que vivemos na educação é a concentração do poder na figura do gestor, a gente saber que o poder é centralizado e verticalizado. Quem tem menos poder na escola geralmente é o aluno, e entendemos que isso tem que ser invertido. Quanto menos o diretor e os coordenadores aparecem, mais democrática a escola é- avalia Neto.