Brasil Educação Educação 360

Educação 360 chama alunos para discutir uso de tecnologia em sala de aula

Evento gratuito que unirá estudantes do ensino médio e especialistas acontece em 15 de março, no Museu do Amanhã, no Rio; inscrições serão abertas nesta semana
“Não adianta você dar notebooks e tablets para os alunos sem pensar em formas eficazes de usá-los”, afirma o colunista Antônio Gois Foto: SHUTTERSTOCK/DOTSHOCK
“Não adianta você dar notebooks e tablets para os alunos sem pensar em formas eficazes de usá-los”, afirma o colunista Antônio Gois Foto: SHUTTERSTOCK/DOTSHOCK

RIO — Uma das áreas da educação mais criticadas no Brasil, com alta evasão e baixo desenvolvimento nos últimos anos, o ensino médio precisa se tornar mais atrativo e, principalmente, integrado às novas tecnologias, afirmam os especialistas.

Como fazer essa integração, no entanto, é uma discussão ainda aberta. Para debater alternativas e apresentar bons exemplos, o Educação 360 realiza — no dia 15 de março, no Museu do Amanhã (centro do Rio) — mais uma edição do Jovem Tech, evento que une estudantes e especialistas para discutir os possíveis caminhos em pé de igualdade, trocando impressões e experiências sobre o tema.

Com quatro diferentes mesas, cada uma formada por dois especialistas e três alunos de ensino médio, o evento tratará desde o papel do professor na utilização de plataformas tecnológicas até o novo ensino médio e seus itinerários formativos.

Mais do que encontrar respostas definitivas, o encontro tem como foco permitir que os alunos opinem e encontrem ressonância na experiência dos especialistas.

— Precisamos que os jovens debatam a educação e digam o que acreditam funcionar dentro da sala de aula — afirma Roberta Ferraz, coordenadora do Educação 360. — Os alunos da educação básica hoje são inteiramente conectados nas plataformas digitais, mas, ainda assim, o ensino médio ainda é um ponto deficiente do aprendizado. Por que não unir os dois fatores e pensar em alternativas interligadas?

A primeira mesa do dia, cujo tema é “Tecnologia no ensino médio”, discutirá um dos pontos mais delicados quando o assunto é a educação atual: a forma mais acertada de tornar as plataformas tecnológicas eficazes de fato dentro de sala.

Diretora do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb), Lucia Dellagnelo — que integrará a mesa com Lee Magpili, especialista em robótica educacional — afirma que fornecer infraestrutura e acesso às ferramentas é importante, mas não suficiente.

— Pesquisas feitas em outros países indicam que, em alguns, houve um desenvolvimento no aprendizado depois que se investiu em infraestrutura tecnológica nas escolas. Em outros, não. Isso comprova que a tecnologia deve vir com uma série de medidas complementares.

Ela pretende mostrar aos participantes formas possíveis e substantivas de usar novas ferramentas no ensino médio, que deve dar mais espaço para iniciativas tecnológicas.

— Acredito que a flexibilização do currículo vai dar mais espaço para trabalhar as novas tecnologias. Mas devemos pensar em formas de o aluno utilizá-las para resolver problemas e não apenas como um acessório educacional — lembra Dellagnelo.

Mesma opinião tem Antonio Gois, jornalista especializado em educação e colunista de O GLOBO, que mediará as quatro mesas do Educação 360 Jovem Tech. Ele afirma que não há solução definitiva para as falhas do ensino médio no Brasil, mas que a tecnologia, definitivamente, é um dos caminhos.

— Não adianta você dar notebooks e tablets para os alunos sem pensar em formas eficazes de usá-los. Em muitos casos, fazer isso, ao invés de ajudar, atrapalha. A tecnologia sozinha nunca adianta para a educação, deve vir acompanhada de uma estratégia maior — diz ele.

Gois também defende que o foco das escolas e das políticas públicas educacionais deve estar na preparação de professores para essa nova realidade. De modo geral, diz o jornalista, os profissionais de educação ainda têm de melhorar nesse ramo por conta de um descompasso geracional.

O Educação 360 é uma realização dos jornais O GLOBO e Extra com patrocínio de Sesi e Colégio pH, apoio institucional de Instituto Inspirare e apoio de TV Globo, Canal Futura, TechTudo, Revista Galileu, Unesco e Unicef.

Mesa 1: Tecnologia no ensino médio

Ainda que seja consenso entre especialistas que a educação precisa acompanhar a tecnologia e aprimorar-se com ela, não há concordância sobre o modo como essa integração deve chegar até os alunos. Basta investir em infraestrutura e deixar que os alunos “experimentem” com as plataformas tecnológicas dentro da sala, orientados pelo professor? Como tornar as tecnologias disponíveis realmente efetivas para o aprendizado? Que exemplos existem de países e sistemas de ensino em que essas estratégias de fato funcionaram? Com a participação de Lucia Dellagnelo, diretora do Centro de Inovação para Educação Brasileira (Cieb), e do convidado internacional Lee Magpili, designer da Lego Education e especialista em robótica educacional, essas questões serão desenvolvidas, com foco no ensino médio, a partir de exemplos e com a participação do público.

Mesa 2: Formação para o trabalho

Na definição do novo ensino médio, que passa a ser composto pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e por cinco itinerários formativos específicos, o ensino técnico e profissional é uma das opções a que os alunos terão direito. Quando o objetivo é a preparação para uma função específica no mercado de trabalho, os estudantes devem ser amparados pela tecnologia de uma forma diferente ou mais focada em alguma área do conhecimento? Para discutir as plataformas tecnológicas dentro desse itinerário da educação básica, além das expectativas de ampliação do ensino técnico no novo ensino médio, o público poderá conversar com Rafael Lucchesi, diretor geral do Senai.

Mesa 3: Itinerários formativos do novo ensino médio

Os estudantes do novo ensino médio poderão escolher entre cinco itinerários para se aprofundar em conhecimentos específicos: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais, além do ensino técnico e profissionalizante. A carga-horária será ocupada por conteúdos comuns à BNCC e complementada pelo ensino vindo dos itinerários específicos. A nova configuração, além de sua implementação, é fonte de discussão entre educadores, principalmente na forma como se relacionará com a tecnologia. A reforma possibilitará mais espaço para a tecnologia dentro da sala de aula, ou ao menos prevê medidas assim? Discutirão o assunto Ana Penido, diretora do Instituto Inspirare, e Priscila Cruz, diretora da ONG Todos pela Educação.

Mesa 4: O professor do ensino médio

Preparar professores para pensar as tecnologias em uma configuração eficaz para os alunos é considerado, por alguns educadores, assunto ainda mais importante do que os investimentos em infraestrutura tecnológica nas escolas. Promover o acesso à tecnologia sem planejamento e apoio constante dos profissionais em sala pode ser inclusive prejudicial para os alunos. Como preparar os professores, treiná-los nas plataformas e pensar a relação aluno-professor a partir disso é o tema da última mesa do evento, que conta com a presença de Miguel Thompson, diretor-executivo do Instituto Singularidades.

Serviço

O que é: O Educação 360 Jovem TECH é uma série de conversas sobre educação focadas na integração entre tecnologia e ensino médio. O evento vai reunir especialistas e alunos que estão nesse grau da educação básica para discutir problemas, soluções e novidades das plataformas tecnológicas no ensino.

Quando e onde: 15 de março, a partir das 9h, no Museu do Amanhã (Praça Mauá, 1, Centro, Rio de Janeiro).

Como participar: Inscrições para assistir aos debates são gratuitas e estarão abertas inicialmente para assinantes de O Globo, a partir de segunda-feira (25/2), pelo aplicativo do Clube O Globo ou no site www.clubeoglobo.com.br. O público geral poderá se inscrever por meio do www.educacao360.com a partir da próxima quarta-feira (27/2).

Transmissão ao vivo: Todos os debates estão sendo transmitidos ao vivo pelos sites dos jornais O GLOBO e Extra.