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Educação 360 ao vivo: Felipe Neto e Anant Agarwal participam dos debates de hoje

Escolas e famílias são chave para amortecer impacto da pandemia, avaliaram debatedores no primeiro dia de evento; palestras e debates acontecem até 1 de outubro e podem ser acompanhados gratuitamente pela internet
O colunista do GLOBO Antônio Gois mediou debate entre líderes da educação intitulado "Radiografia do momento, o urgente e o essencial" Foto: Reprodução
O colunista do GLOBO Antônio Gois mediou debate entre líderes da educação intitulado "Radiografia do momento, o urgente e o essencial" Foto: Reprodução

RIO — Em sua primeira edição online, o Educação 360 Internacional teve início nesta terça-feira, dia 29 de setembro, focado no debate mais urgente deste ano: o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre a aprendizagem em países altamente desiguais quanto o Brasil.

Nesta quarta-feira, dia 30 de setembro, quem abre a programação é o youtuber Felipe Neto, que fala sobre o ativismo digital no Brasil. Há ainda uma palestra de Anant Agarwal, CEO da EdX e professor do MIT, além de outros debates. Confira a programação completa.

ASSISTA ÀS PALESTRAS E AOS DEBATES AO VIVO

Realizado pelos jornais O GLOBO, Extra e Valor Econômico, o evento promove debates, conversas e palestras durante três dias, de 29 de setembro a 1 de outubro. Acompanhe ao vivo e se inscreva gratuitamente clicando no site oficial do evento , onde também é possível conferir a programação completa. As inscrições são válidas para todos os dias.

O Educação 360 conta com patrocínio da Fundação Itaú Social e AZ Escolas em Rede, apoio do Instituto Unibanco e apoio institucional da TV Globo, Unicef, Unesco, Futura e Fundação Roberto Marinho.

Estratégias durante a pandemia

Reconhecendo o peso da inequidade no acesso à tecnologia para a inclusão no ensino remoto e as frustrações de educadores e alunos com o ano letivo que em breve chegará ao fim, grandes nomes da educação refletiram no primeiro dia de evento sobre os ensinamentos oferecidos pelos últimos meses, bem como as melhores estratégias para acolher os estudantes que viram suas rotinas desfeitas ao longo de 2020. Para isso são essenciais, avaliaram especialistas, os esforços conjuntos de toda a sociedade, sobretudo escolas e famílias.

O primeiro pronunciamento de terça-feira veio de Claudia Uribe, diretora de Educação da Unesco para a América Latina. Ela compartilhou as preocupações deixadas pelo fechamento das salas de aula para milhões de alunos na região, a mais desigual de um mundo no qual mais de três bilhões de pessoas não têm acesso à internet. Na sua avaliação, a pandemia evidenciou as persistentes lacunas de conectividade, uma necessidade cujo acesso deve ser universalizado.

Reforçando a mensagem das Nações Unidas em favor do multilateralismo e da cooperação internacional, Uribe também expressou os compromissos da Unesco neste momento com a manutenção do financiamento da educação; a reabertura segura das escolas no mundo todo; e o aumento da inclusão e a democratização no uso da tecnologia.

— Busca-se que os países priorizem a retomada [das escolas] assim que a situação sanitária o permita — afirmou, ressaltando que a ausência da escola aumenta riscos para crianças e adolescentes, além de deixar um vazio na provisão de serviços de máxima importância, como a vacinação, a alimentação escolar e o apoio psicossocial. — A reabertura das escolas tem que ser segura e coerente com cada país. Deverão ser adotadas todas as medidas racionais para proteger estudantes, funcionários, professores e suas famílias.

Boa comunicação para uma boa gestão

Em seguida, o colunista do GLOBO Antônio Gois mediou debate entre líderes da educação intitulado "Radiografia do momento, o urgente e o essencial". Participaram Priscila Cruz, presidente-executiva do movimento Todos pela Educação; Cecilia Motta, presidente do Conselho Nacional dos Secretários da Educação (Consed); Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime); Luiz Curi, conselheiro e ex-presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE); e Mozart Neves Ramos, membro do CNE.

Um dos temas destacados pelos debatedores foi a quebra das fronteiras da educação para além da escola durante a pandemia. Para Martins Garcia, a emergência dos últimos meses aproximou educadores e famílias, que passaram a discutir o ensino mais ativamente dentro de casa. Já Motta admitiu que os prejuízos à aprendizagem dos estudantes neste ano serão inevitáveis, mas é possível amortecê-los se a educação for interpretada como missão conjunta do Estado, da família e da sociedade como um todo, incluindo o terceiro setor.

— É essencial que a família se sinta também responsável pela educação — disse a presidente do Consed. — Vamos tentar fazer um retorno guardando a essência dos componentes da aprendizagem, as habilidades que os estudantes têm que desenvolver. As dificuldades são muitas, e estamos sendo aprendizes mesmo.

Interagindo em tempo real com os debatedores numa plataforma 3D, internautas enviaram suas perguntas. Uma delas questionava como evitar a evasão escolar, sobretudo entre os jovens. Um levantamento recente demonstrou que três em cada dez deles pensam em não voltar à escola quando as salas de aula reabrirem , conforme lembrou Cruz. Ela vê com bons olhos a ideia de um quarto ano do Ensino Médio optativo, política já confirmada pelo governo do estado de São Paulo. Mas o trabalho com as comunidades escolares precisa começar desde já.

— Temos uma diversidade de estratégias [contra a evasão]. Mas todas elas têm uma origem: um bom diagnóstico da origem daquela evasão. O anúncio de que este é um ano perdido e de que só ano que vem vai ter retomada das aulas gera desinteresse e desengajamento do aluno — afirmou a  presidente-executiva do Todos pela Educação. — Como atuamos com isso? Tem muito a ver com a comunicação. A comunicação com alunos e famílias para que se sintam tranquilos. Esta não é uma atividade fim, mas uma estratégia de gestão.

O primeiro dia terminou ainda com um pronunciamento gravado de Jara Dean-Coffey, fundadora e diretora da Equitable Evaluation Initiative, sobre como métodos de avaliação da educação podem reforçar desigualdades; e, em seguida, com uma conversa entre Antônio Gois e Mario Sergio Cortella. Definindo-se como um otimista, mas não um ingênuo, o escritor e filósofo acredita que a maior dificuldade do retorno às atividades presenciais será lidar com os lutos deixados pela pandemia: não só de pessoas que morreram em decorrência da Covid-19, mas também "de convivência, de confiança, de base econômica, de emprego e de presença".

— Esses tempos pandêmicos trouxeram um susto muito grande. Afinal, estávamos habituados a soluções muito mais velozes para nossas dificuldades. A ciência, a técnica, o mercado até certo tempo davam conta das nossas necessidades — considerou Cortella. — Temos, em 2020, uma situação em que estamos aprendendo a fazer enquanto fazemos. E estamos tendo que aprender a fazer melhor enquanto lidamos com algo difícil para nós, a busca por ficarmos protegidos.

Na quarta-feira, o segundo dia do Educação 360 Internacional será focado na tecnologia. Já o terceiro e último dia terá, na quinta-feira, grandes pensadores contemporâneos refletindo sobre como será o futuro pós-pandemia para a Humanidade. Além da grade com toda a programação e informações dos palestrantes, o evento conta com mais dois espaços na plataforma: a sala da Fundação Itaú Social, com apresentação do “Polo”, ambiente digital de formação da fundação, e a sessão Nostalgia, que dá ao público a oportunidade de relembrar os principais momentos das últimas edições do Educação 360 por meio de vídeos.