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Além da Covid

Desastre educacional na pandemia exige planos para a recuperação do aprendizado

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Reinício de aulas presenciais em escola de São Paulo, no mês de abril - Rivaldo Gomes - 14.abr.21/Folhapress

O fechamento prolongado das escolas prejudicou de modo grave o aprendizado, elevou o risco de abandono dos estudos e aumentou a desigualdade educacional.

É o que mostra amplo estudo de pesquisadores da Universidade de Zurique e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em parceria com a Secretaria de Educação paulista. A escola fechada também piora as perspectivas de futuro dos estudantes e problemas como fome e violência contra crianças.

A educação a distância, embora útil em determinadas situações, não pode ser uma solução num país em que milhões de estudantes não têm acesso ao menos a equipamentos e serviços de internet.
Pode ser um instrumento auxiliar, mas depende do ensino presencial. Mesmo o acesso às aulas remotas aumentou quando foram reabertas as escolas físicas.

O estudo paulista mostrou que o fechamento provocou a regressão até de anos de aprendizado. Buscar tais crianças e jovens e recuperar o tempo perdido não costuma ser tarefa fácil. Menos ainda será em um país empobrecido pela pandemia, mas terá de ser feito.

Quais os planos para atenuar o problema? Que apoio, ao menos institucional, o governo federal pretende oferecer? Obviamente trata-se de pergunta retórica, pois o Ministério da Educação vem sendo destruído pelo governo de Jair Bolsonaro. De qualquer modo, ainda não há debate nacional.

O desastre no aprendizado não é, além do mais, o único dos danos colaterais causados pelo coronavírus e pela incúria das autoridades. Ante uma administração que ainda hoje sabota as medidas sanitárias, parece inútil lembrar que cuidar dos vivos quer dizer também dar atenção aos alquebrados pela Covid-19 e pela crise social.

Milhões de pessoas devem sofrer em algum grau da chamada “Covid longa”, sequelas ou persistências da doença. Milhões também tiveram sua saúde prejudicada de outro modo por causa da lotação dos serviços médicos, dedicados à emergência epidêmica.

O risco de surtos da doença permanecerá mesmo depois de contida sua disseminação. O risco de outras epidemias também —recorde-se que este é um país de dengue, febre amarela, malária, zika e chikungunya. O espalhamento de agentes patogênicos é favorecido por más condições sanitárias, de habitação e de transporte público.

Ficou evidente que agentes de saúde familiar podem antecipar crises, rastrear doentes e disseminar informação. Mas é necessário um planejamento que contemple a nova realidade —ou as consequências da negligência nacional serão ainda mais calamitosas.

editoriais@grupofolha.com.br

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