Brasil Educação

‘É um mito dizer que tudo em educação demora muito’, diz especialista

Vilma Guimarães, da Fundação Roberto Marinho, fala sobre sucesso de projeto de correção de fluxo escolar em Pernambuco
Alunos do projeto Travessia, em Pernambuco Foto: Divulgação
Alunos do projeto Travessia, em Pernambuco Foto: Divulgação

RIO- Há dez anos, a Secretaria de Educação de Pernambuco decidiu encarar o desafio de reduzir a taxa de 66,8% de alunos do ensino médio atrasados em relação à série que deveriam cursar. Para isso, uniu forças à Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo, e implementou o Projeto Travessia de correção de fluxo escolar (para ensino fundamental e médio), no qual um único professor ensina todas as disciplinas com apoio do material do Telecurso. Uma década depois, o índice caiu para cerca de 30% e 169 mil alunos se formaram. Entre as comemorações pelo sucesso do projeto, o Governo do Estado lança, nesta quinta, na Feira Nordestina do Livro (Fenelivro), em Olinda, a nova edição do Caderno de Cultura de Pernambuco, que será usado como material pedagógico.

Qual era o cenário educacional em Pernambuco quanto o projeto começou?

O Travessia foi definido no início da gestão de 2007, quando eles (a Secretaria de Educação) se confrontaram com um dado alarmante de defasagem idade/ano de quase 70% dos alunos do ensino médio e cerca de 60% no fundamental. Eles conheciam nossa metodologia do Telecurso e nos convidaram para essa parceria. Estamos lá há dez anos com bons resultados.

Vilma Guimarães gerente geral de Educação da Fundação Roberto Marinho Foto: Divulgação
Vilma Guimarães gerente geral de Educação da Fundação Roberto Marinho Foto: Divulgação

O que ajudou a garantir esses resultados?

O fato de estarmos esses anos todos com as mesmas equipes na Secretaria e na Fundação dá uma eficiência e um resultado óbvio. Temos ex-estudantes que são professores. Isso mostra que o círculo da inclusão é viável, rápido, possível e está sendo feito. Esse processo não é lento. Se for feito da maneira correta, é rápido. É um mito dizer que tudo em educação demora muito.

O que estamos fazendo de errado no Brasil?

Há inadequações pedagógicas de várias naturezas. Há um currículo que não fala com o estudante. Agora vamos ter uma Base Nacional e acho que isso vai contribuir muito. Falta conexão com a vida, com o que dá sentido e significado. O Brasil já tem experiências exitosas para todos os problemas educacionais, precisamos universalizá-las.

Qual a importância de personalizar o conteúdo?

O Telecurso é totalmente contextualizado, o cotidiano dos estudantes entra na sala de aula. Isso é uma questão de olhar para os alunos na suas necessidades educacionais. Há um conjunto de teóricos mostrando que a aprendizagem tem que ter sentido. Se já havia essa necessidade no século XIX, XX ,imagine no XXI, com a informação circulando para todo mundo na mesma hora. Não podemos deixar nenhum para trás, todos têm o mesmo direito humano à educação de qualidade, nascendo onde quer que seja.