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Não fazem sentido as críticas ao uso da inteligência artificial (IA) pelos professores da rede pública de São Paulo. Sindicatos e Ministério Público estadual questionam a decisão da Secretaria de Educação de incentivar o uso de tecnologias de IA na preparação de aulas. É compreensível que avanços tecnológicos causem estranheza, mas é evidente que os novos recursos representarão mais produtividade para os professores e, em consequência, permitirão avanços no nível de instrução dos alunos.

Os responsáveis pela educação em São Paulo apenas seguem o que já fazem as melhores escolas particulares. No Colégio Bandeirantes, escola paulistana de elite, vários programas de IA já são usados para ajudar a consultar biografias e gerar imagens, como ChatGPT, Perplexity, Dall-E ou Animated Drawings. Obviamente não substituem os professores, e todos os resultados são submetidos a supervisão humana antes do uso em sala de aula. Mesmo entre os alunos o uso da IA é incentivado, com apoio do corpo docente. “Foi organizado um grupo de estudo para todos os professores participarem e compartilharem suas impressões. Acreditamos que o local melhor para nossos alunos experimentarem, e talvez até errarem, é com nossos orientadores”, disse ao GLOBO Emerson Bento Pereira, diretor de Tecnologia Educacional do Bandeirantes.

Uma pesquisa da Associação Nova Escola com 20 mil professores revela que quase dois terços já consideram o uso da IA na sala de aula. É um caminho sem volta. As principais finalidades são, segundo a pesquisa, fazer planos de aulas (47,5%), aprimorar conhecimentos específicos (46,6%), elaborar novas atividades (37,4%), adaptar aulas a necessidades específicas de alunos (25,7%) e planejar avaliações (21,5%). A IA se tornará imprescindível aos professores, não importa se da rede particular ou pública.

Isso não quer dizer que todos os temores sejam infundados. As autoridades educacionais ainda não estipularam normas sobre os limites éticos do uso das plataformas de IA, e as escolas têm elaborado seus próprios manuais, com base em tentativa e erro. “O ideal é nunca acreditar 100% na plataforma. O professor precisa estar na ponta para conferir os resultados gerados e passar para o aluno que a IA é apenas uma ferramenta de consulta”, afirma Lucas Chao, professor de inteligência artificial do Liceu de Artes e Ofícios. Chao desmente o mito de que o aluno ficará preguiçoso se usar tais plataformas: “Ele ainda precisa aprender para conseguir fazer a prova, que segue nos moldes tradicionais: papel e caneta”.

Na rede paulista, as aulas preparadas com IA ajudarão a ensinar 3,5 milhões de alunos do 6º ao 9º ano e do ensino médio. No Espírito Santo, uma plataforma é usada para acompanhar a evolução dos alunos em redações. Ser contra a inovação, como certos sindicatos, equivaleria a vetar programas comuns como editores de texto ou softwares de apresentação. Não passa de oportunismo político contra o governo estadual.

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